terça-feira, 28 de maio de 2013

A Queda - Trilogia da Escuridão - Livro 2

Precisando de sangue? Essa pode ser uma dúvida que no decorrer das páginas de A Queda, o leitor verá que não precisar esperar pela resposta. Sequência de Noturno, A Queda mostra que a Trilogia da Escuridão realmente veio para ficar. Nunca será uma trilogia popular, mas a intenção dos autores, era justamente essa, desde o começo das ideias.

Não será visto de forma alguma um vampiro andando na luz do dia e brilhando. Sem papinhos de evitar o extinto comandar. Ou ter pudor de vítimas. Começando pela imagem. Em Noturno, os vampiros tem uma aparência que lembram zumbis, em A Queda, essa aparência chega a ficar pior. A intenção não é assustar, e sim causar um incômodo da parte do leitor referente ao imaginário de seus ferrões. Os dentes são lugares a línguas muito bem afiadas e o cérebro resume-se por muitos momentos de uma grande importância. O conhecimento sempre levado em prova de que coragem anda lado à lado com a inteligência A boa imagem do vampiro sedutor deu lugar a outras funções. Vampiros com boas aparências servem para infiltrar-sem em locais humanos. Se a aparência monstruosa causa pavor, nada melhor do que deixar um intacto para saber como extrair o máximo de recursos possíveis para obter o objetivo direto e prático.

A dominação do mundo sempre foi um objetivo para os vilões. Mas Guillermo del Toro e Chuck Hogan não resumiu os planos diretamente no objetivo, mas sim explicou passo à passo como se consegue o que quer, mesmo que custe caro. Custo esse que o mal está disposto a pagar, e o bem, sempre disposto a dar o troco, para alegria de muitos.

Autor: Guillermo del Toro & Chuck Hogan
Tradução: Paulo Reis & Sérgio Moraes Rego
Gênero: Literatura Estrangeira - Terror
Editora: Rocco
Nota: 5,0

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Revolução dos Bichos

Falar de animais sem lembrar o quanto o homem pode ser animal, é quase inevitável. Se todos os homens são iguais em aos olhos de Deus, os amimais são todos em um só corpo. Igualdade demais gera contradições que nem o homem conseguiria descrever como uma forma de diferenciar boas pessoas de péssimas pessoas. Mas de fato, algo deve ser concordado por demais em um mundo moderno e globalizado: "quatro pernas bom, duas pernas ruim". A frase resume exatamente o que o leitor lerá em todo livro: quem anda melhor, é o vilão.

Em resumo, o livro tem uma boa proposta por trás da fofura. Pois cansados de exploração que são submetidos pelos humanos, os animais rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário. Com uma vaga lembrança do mundo real, A Revolução dos Bichos é um soco na cara das pessoas que acreditam mesmo que o mundo, sem o primeiro passo para melhorarias. O problema do mundo inteiro, não é simplesmente a falta de atitudes de muitos, e sim o que essa mesma falta pode ocasionar. Entregar o poder para quem se confia apenas por imagem, sempre foi, e sempre será o ponto máximo da incompetência humana.

Se todos são iguais na cadeia alimentar do planeta terra, para que serviria o ato de dividir? A política da história da humanidade sempre foi baseadas em divisões, e claro que George Orwell não deixaria essa característica de fora. "Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros" faz o leitor ter a certeza de que ser humano é muito pior do que ser um porco sádico, tanto moralmente, quanto socialmente e claro, politicamente.

Autor: George Orwell
Tradução: Heitor Aquino Ferreira
Gênero: Literatura Estrangeira
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5,0

domingo, 12 de maio de 2013

Pedaço - Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios


Autor: Marçal Aquino
Editora: Companhia das Letras


Falei que estava pensando em ir embora. Lavínia gritou do chuveiro:
- O que você disse?
Entrei no banheiro e puxei a cortina de plástico. ela ensaboava o corpo.
- Tô pensando em ir embora daqui.
- Pra onde?
- Não sei ainda. Talvez volte para São Paulo.
Lavínia passou o sabonete entre as pernas, levantou um monte de espuma. E sonho.
- O que foi, bateu saudade de casa?
- Não posso ficar aqui para sempre, tenho que dar um jeito na minha vida.
Ela guiou o jato do chuveirinho para o púbis. Desfez a espuma, não o sonho.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma Princesa de Marte

Poucas são as pessoas que lembram do nome Edgar Rice Burroughs referente ao Tarzan, mas ficou frequente lembrar desse nome com Uma Princesa de Marte. Não é culpa do autor, claro, mas também não é culpa dos leitores receber com mais facilidades seus livro marciano como primeira referência. A adaptação ao cinema do livro marciano fez com que a referência fosse inevitável, mas falar de John Carter sem lembrar da fantasia que Burroughs criou é quase como falar de marte e não lembrar que ele é vermelho.

Um soldado veterano, sem motivações para atritos e brigas é escalado para uma missão de transporte um tanto arriscada. Sem pensar muito ele aceita pelo bom pagamento, mas não imagina o que vai encontrar em seu local de destino. Um tipo de teletransporte o leva para sua maior viagem: marte. Perante a visão de soldado, chegar num território desconhecido é como assinar a própria declaração de óbito. Uma terra barrenta e avermelhada era muita informação nova para um cérebro que, pelo amadurecimento de querer viver longe de confusões, tinha uma visão interiorana. Avistar seres vivos de tamanho muito maior do que o normal e de colorações verdes assustaria qualquer ser humano, não só o Carter. Burroughs, por sua vez, escreveu seu livro para falar de novos rumos na vida, novas experiências e novas descobertas. Se sua experiência na terra foi dura o bestante para não ser o suficiente, nada melhor do que ir para um lugar onde você é a caça, o escravo, o experimento e até a descoberta. Assim como a Terra, Burroughs deixa a vida em Marte com outras raças, assim como existem os vendes, existem os marcianos vermelhos. Isso sem falar da fauna e flora do planeta idealizado pelo autor.

Em meio ao desconhecido, reconhecer o que é bom e ruim deve ser algo difícil demais. Principalmente quando partem de princípios medievais que não se vê mais em tempos na Terra. Para Carter, voltar para casa seria como voltar ao zero, ou recomeçar sem condições, e ainda por cima, encarar os mesmos problemas que para ele, já o deixava cansado só em acordar. Para que voltar? A vida em Marte seria bem mais complicada se não fossem as identificações com suas raças. Os vermelhos, que tanto queriam derrubar o trono de seu rei e dominar seu planeta vermelho, e os verdes, que tanto livre querem viver, apenas vivem presos em seus passados conturbados, e ameaçados pelos vermelhos. Carter quer compreender os vermelhos e ajudar os verdes, mas essa guerra não é dele.

O problema desse livro que tanto promete, é justamente a forma de escrita do Burroughs. Dando uma impressão infantilizada nos textos. Para um livro que influenciou Avatar, do James Cameron, ler algo clichê e infantilizado deixa um gosto amargo de querer algo mais no que está escrito, e não desejando algo mais escrito. Para muitos, ter Avatar como influenciado não é uma boa referência, mas por importância de mercado e metas atingidas, espera-se mais de Uma Princesa de Marte.

Autor: Edgar Rice Burroughs
Tradução: Ricardo Giassetti
Gênero: Fantasia - Ficção Científica
Editora: Aleph
Nota: 3.0

terça-feira, 7 de maio de 2013

Meu Pai Fala Cada Uma

Lançado anteriormente como Meu Pai Fala Cada M*rda, o livro escrito por Justin Halpern nos faz pensar que, apesar de péssima, a ignorância pode ser fonte de divertidos momentos. Halpern, que antes de escrever o livro, fez um perfil no twitter chamado Shit My Dad Says, postando apenas frases que seu pai soltava espontaneamente no seu dia-a-dia. O perfil fez sucesso em muito pouco tempo, dando a possibilidade do autor em colocar as melhores situações em um possível livro. E foi justamente o que Halpern fez, aproveitou a excelente oportunidade de mostrar ao mundo fora da internet o que seu pai soltava em forma de convicções.

Segundo o Justin, Sam Halpern é sábio como Sócrates, mas desbocado e muito mal-humorado. De fato, as frases ditas pelo pai tem a profundidade de um poema ou pensamento filosófico, mas sendo recitado no meio de uma manada de búfalos numa loja de cristais. Se cada palavra dada pelo pai fossem socos, talvez seriam muito mais bem interpretadas por quem ouvissem-as. Frases com efeito cômico sempre surgem com força e gargalhadas dadas logo após o ponto final. "Não sei por que as pessoas continuam a me procurar quando não conseguem ficar de pau duro. Se eu soubesse como consertar isso, estaria dirigindo uma Ferrari a 300 na direção oposta à desta casa" é uma das frases, que mesmo todos se identificando com seu incômodo, cair no riso é inevitável.

O livro tem começo com o Halpern assumindo que quando criança, morria de medo de seu pai. Ainda no começo do livro, o leitor entende o porque desse medo. Não por acaso, seu pai colocaria medo até em adultos, imagine em crianças. "Quero um pouco de silêncio... Meus Deus, isso não significa que eu não goste mais de você! Significa apenas que, neste momento, gosto mais do silêncio" dá para o leitor ter mais do que noção sobre as fortes emoções de infância do autor. Conforme as páginas vão passando, a ignorância de seu pai vai dando lugar ao valor na relação pai-e-filho. Em vários capítulos próximos ao final do livro, dá para ver que se trata mesmo é de amor. Afinal, um pai cruel e cômico não tem motivos nenhum para não amar um filho que sempre recebe seus desmantelo verbal, ele tem quase a obrigação de amá-lo, mais do que seu laço afetivo parteno possa explicar.

No fim das contas, ambos são iguais no amor, no crescimento e no descobrimento um do outro. A realidade entre os dois podem ser bem complexas que as observações feitas pelos leitores sobre uma determinada situação entre os dois com determinados assuntos, vistas de ângulos diferentes, podem fazer a relação dos dois bem contraditória. Não é culpa do leitor, nem culpa do autor, e sim das lembranças impostas pelo Halpern pai. O mais incrível, não é a forma como o pai trata filho, e sim, ver que depois de anos entre os dois, o filho não desejou de forma alguma um pai diferente. O intrigante é imaginar toda essa relação conturbada ser regada por boas piadas, mas o livro e o twitter são a prova de que tudo deu certo.

Autor: Justin Halpern
Tradução: Marcello Lino
Gênero: Biografia/Humorismo
Editora: Sextante
Nota: 5.0