sábado, 27 de abril de 2013

Astronauta Magnetar - Graphic MSP

Ser um astronauta talvez seja o sonho de 90% das crianças do mundo, mesmo que um sonho passageiro. Desbravar o espaço desconhecido pelo homem é, talvez, o que 100% do planeta Terra pensante quer. Unido o fator humano, com o fator homenagem, essa graphic novel não poderia ser ruim. Danilo Beyruth acertou em cheio no projeto idealizado por Maurício de Souza. O projeto consiste em novas roupagens de seus personagens clássicos, e Beyruth escolheu um dos mais complexos, o Astronauta.

A própria visão do Maurício já é bastante complexa. Uma pessoa jovial, espirituoso e de bom humor, troca a vida que poderia ser normal, em nome do desconhecido universal e solidão? Como manter contato com sua família em meio aos relatórios obrigatórios sobre novas galáxias e planetas? E o amor, em que cometa ficou? Se um simples personagem para crianças tinha toda essa "mitologia" por trás de sua vida, adaptado para os adultos provavelmente ele poderia ficar mais complexo. A ajuda do questionamento e ilusões deixam mais ainda Astronauta Magnetar muito mais intrigante. Se viver só no espaço é algo que para muitos é complicado, deve ser pior viver só no espaço, ser acostumado com isso e por momentos não achar que está sozinho e principalmente, seguro. Com ótimas referências de Arthur C. Clark e até Isaac Asimov, Beyruth conseguiu escrever uma obra prima em formado de HQ.

Lembando em alguns momentos o 2001 - Uma Odisseia do Espaço e até o THX 1138, o astronauta faz o leitor pensar de como seria deixar tudo para de lado e correr atrás das verdades que está lá fora. O problema não é o desenvolver da trama, nem do monólogo que sempre está presente, é mais uma vez, a sensação de que foi pouco. Ler algo muito bom e saber que vai acabar rápido é uma sensação péssima, e é quase isso que o leitor vai sentir-se. O mundo precisa de mais Astronauta Magnetar, assim como precisa saber mais sobre si mesmo.

Autor: Danilo Beyruth
Gênero: HQ's
Editora: Panini Books
Nota: 5.0

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Percy Jackson & os Olimpianos - O Mar de Monstros - Livro 2

Existem várias receitas de fazer uma série literária de sucesso. Uma delas, acima de tudo, é criar um mundo fantástico. Rick Riorda conseguiu isso muito bem. Obviamente, copiando uma série de sucesso estrondoso, como foi com o Harry Potter. Tudo sobre essa "cópia" já foi comentado por demais por blogs que de certa forma, também interpretou dessa maneira. O Mar de Monstro, segundo livro da séria Percy Jackson & os Olimpianos, deixa de lado a vontade do autor em ficar em primeiro lugar nas atualidades. A aventura proposta no segundo livro concerta o que foi colocado de forma errônea no primeiro livro, além de acertar na sua boa vontade na autonomia do gênero.

Mais uma vez o trio protagonista unem forças para mais uma missão. Dessa vez a equipe ficou maior com a entrada do Tyson, uma criança ciclope que ajuda Percy na sua escola convencional. A importância do Tyson é sempre colocada em questão pelo autor por ele ser um mendigo e não ter família. Acerto do autor em tentar escapar da ideia do Harry Potter, pois apesar do Rony Weasley ser pobre, ele nem chega perto de ser mendigo. O problema é como esconder um ciclope, que mesmo aparentando ser uma criança, seu único olho chamaria atenção demais. Atenção, é uma coisa que se ver demais nos livros do Riordan. O autor cuida muito bem de suas obras, pesquisando profundamente o que ele vai escrever na trama. Em O Mar de Monstro, esse cuidado do autor é muito mais visível do que em O Ladrão de Raios, livro anterior da série.

O esforço do autor é grande. Almejar ser uma série sem sucedida e sair das sombras do Harry Potter não é fácil. Seus esquemas de trama deixam o leitor preso, mas ele mesmo não consegue não pensar em algo que não seja parecido com a série do menino bruxo. Não é culpa do leitor, o que deixa a competência do autor questionável. Se for para ler o famoso "mais do mesmo" é melhor passar mais um tempo vasculhando o que pode ser diferente do que já foi visto, ou por sorte, esperar o Riordan lançar uma nova série que não aparente ser uma cópia de nada que você já tenha lido.

Autor: Rick Riordan
Tradução: Ricardo Gouveia
Gênero: Literatura Estrangeira/Fantasia/Infanto Juvenil
Editora: Intrinseca
Nota: 3,5

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Raciocínio - O que Indicar?

Esses dias, me perguntaram quais livros que já falei por aqui eu indicaria com toda certeza. Antes de tudo, eu afirmo que todos eu indicaria, mas nem todos são bons e obrigatórios. E também tem o fator gosto, o que pode ser bom demais para mim, pode não ser para os demais. É tudo muito relativo. Acho, que acima de tudo, blogs não servem mais para formar opiniões, e sim ajudarem a quem quer ter as suas opiniões. As pessoas entram em blogs sobre tudo no mundo, e nem sempre seguem o que os mesmo dizem sobre os assuntos procurados. O blogs sobre livros não são diferentes. Cada vez mais surgem blogs que falam sobre livros e suas interpretações. Infelizmente, como eu mesmo já comentei por aqui, nem todos os livros comentados nos 90% desses mesmos blogs são de grande proveito por não terem profundidade.

Então, conforme foi pedido para minha pessoa, vou tentar indicar os que já escrevi aqui e acho indispensáveis, sem ordem de importância.

Trilogia da Escuridão
Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios
Ensaio Sobre a Cegueira
O Mundo de Sofia
Nova York - A Vida na Grande Cidade
As Vantagens de Ser Invisível
O Homem que Calculava
O Livro do Cemitério
A Estrada
Trilogia Millennium
A Confissão da Leoa

No momento, posso indicar esses, mas em breve postarei mais por aqui que eu posso indicar. Sem pressa e correria, aos poucos eles vão aparecendo por aqui.
Até breve!

Peixe Grande

Quase ninguém sabe, mas Tim Burton leu muito bem esse livro antes de fazer seu filme, que por sinal, deu um resultado muito bom. Não por acaso o cineasta escolheu esse livro para adaptá-lo. O mesmo havia acabado de ser pai, e com obras como seu filme e o livro em questão, talvez mostrasse ao filho como seria muito melhor se o mundo fosse fantasioso como ele de fato conseguiria ser, basta querermos para isso.

Daniel Wallace, escritor um tanto desconhecido entrou na lista de grandes autores que poucas pessoas irão se esforçar para conhece-los. O que é uma pena, pois muitos dos desconhecidos tornam-se grandes nomes para novos livros clássicos. Peixe Grande, completamente desconhecido, tem tudo para marcar e fazer acontecer. Se um pai ama seu filho, provavelmente ele irá querer o melhor para o mesmo. Assim, um filho que não conhece o pai por ele não demonstrar quem realmente ele é, pode ser algo relativamente péssimo. É com isso que Wallace brinca, com o que agrada, ou desagrada em uma pessoa. Se fantasiar o mundo é algo errado, mostrar sua crueldade diretamente pode ser certo por quê? No fim das contas, sabem-se quem merece o melhor do mundo, ou o pior, basta plantar para colher, e assim vai as regras de um mundo melhor. E se faltar alguma coisa, inventa-se.

O maior acerto de contas de Wallace com o mundo é como se conduz uma relação entre pai e filho baseadas em interpretações do que é verdade e mentira. Mentiras tão bem contadas podem ser verdade? Talvez seriam se não fossem propositalmente ditas para atiçar a imaginação, e nada mais do que isso. Educar um filho é algo simples visto por pessoas que querem alimentar a forma de visão que esse filho precisa ter do mundo. Todo bandido, por mais bandido que seja, pode ter algo nas mangas que sejam construtivo por demais. Um dono de uma bela casa pode ser uma ótima pessoa para outras pessoas, mesmo que você não queira tomar o lugar de ninguém. Não se precisa ser melhor do que ninguém para ser alguém no mundo.

O erro de Wallace resume-se apenas na simplicidade que usou para criar seu livro. O roteiro adaptado por John August deixou os acontecimentos com mais coerência no filme. Tim Burton e sua visão deixou um passo à frente, mas de forma alguma desmereceu a obra original. O filme é um grande convite para conhecer o livro, cabe ao leitor/espectador dizer quem se destaca mais.

Autor: Daniel Wallace
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance/Fantasia
Editora: Rocco
Nota: 3,5

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Confissão da Leoa

De primeira impressão, os mais velhos que pegarem A Confissão da Leoa irão achar bem parecido com A Sombra e a Escuridão, filme estralado por Val Kilmer e Michael Douglas. Não é culpa do autor, Mia Couto, nem dos roteiristas, mas talvez seja culpa da trama. Com vários toques diferentes um do outro, o livro destaca-se por ser muito mais pesado e profundo das relações das vítimas com os caçadores. Aliás, esse é o ponto máximo, pois em toda forma, ninguém sabe ao certo se são leões ou homens que além de vítimas, são os caçadores. Mia Couto, famoso por escrever suas histórias na África, ricas de descrições de belas paisagens, estradas de terra e pessoas sofredoras. O sofrimento da África, segundo Couto, são os costumes dos pais ensinados aos filhos. Não é só de péssimos costumes e desvalorização dos filhos que se vive a África, ainda existe os medos, os aproveitadores e os que apenas vão para o continente para sugar o que existe de melhor por lá.

Couto não sente pena de quem ler A Confissão da Leoa. Ele quer incomodar, e consegue. Como uma sociedade milenar no continente mais antigo do planeta consegue viver mendigando soluções até hoje? Algumas frases no início dos capítulos do livro podem responder essas perguntas, mas todas são interpretativas, então depende do leitor compreender os fatos como são, ou como o autor desejou serem. "Onde os homens podem ser deuses, os animais podem ser homens" é justamente o toque da trama. Se de toda forma o homem pode usar seu poder de persuadir outras pessoas em tarefas que não serão feitas sem ordens, o que curta alguém morrer por isso? Morrer, por sinal, é para muitos uma ótimas, ou melhor, escolha de alguém quando se mora na África. Assim o autor deixa claro, que se for para ser homens e transformarem outros homens em deuses, um leão faminto é mais do que bem vindo. "Tem cuidado com os leões. Mas tem mais cuidado ainda com a cobra que vive no covil dos leões" é, de fato, o resumo do continente africano pelo autor.

Muito bem representado por Arcanjo Baleiro, o caçador arrependido de suas caças é a figura de redenção aos atos dos homens animais que ele reconhece e conhece todos os dias de sua vida. A má vontade da caça o deixa cada vez mais amargurado por estar vivo e mais apaixonado por sua cunhada, esposa de seu irmão, já quase morto. O próprio Arcanjo reconhece que nem seu próprio dedo obedece a ordem de seu cérebro para apertar o gatilho e finalizar sua tarefa. O incômodo é não ser feliz com que se faz, e sim o que quer deixar de fazer. Mariamar, uma jovem moça nascida na aldeia onde a história se passa, é talvez, a melhor representação da vontade em ser animal. Para ela, indiretamente, talvez fosse muito mais fácil ser uma leoa que ataca na surdina. Assim, por mais que a vida fosse difícil, os instintos de sua espécie não lhe daria tanta dores. Ser filha de uma aldeia vítimas de homens leões, é de fato, o sofrimento de sua vida.

Mia Couto acertou em cheio na narrativa de seu livro. Escrito com a narrativa de primeira pessoa alternando entra os pontos de vista de Arcanjo Baleiro e Mariamar, o livro forma um grande quebra-cabeça de corações apertados e vontades de abandonar tudo e todos. O leitor, por sua vez, consegue acompanhar tudo com calma, mesmo que torcendo por um leão invisível aos olhos de quem quer ver. O acerto do autor não resume-se em ser africano e saber dos problemas de seus continente, e sim saber escrever sobre os problemas de seu continente, sem ao menos induzir uma solução. Soluções para quê? No fundo, todos somos tão sofredores e caçadores quanto os que moram lá.

Autor: Mia Couto
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5.0

terça-feira, 23 de abril de 2013

Anjos & Demônios

Suspenses tendem a cair no esquecimento, e no presente momento, poucos lembram de Dan Brown como um escritor promissor. Quando saiu Anjos & Demônios no Brasil, acabou sendo um livro que foi de carona no colapso meteórico de O Código Da Vinci. O forte do Brown nem sempre foi o suspense, mas dessa vez ele conseguiu. Todos falam do Da Vinci como sua obra prima, mas em Anjos & Demônios o autor atingiu sua melhor forma em descrever tramas e mistérios.

Na trama, Robert Langdon, pacato professor de de simbologia em Havard, é chamado às pressas para desvendar um crime cometido contra um físico em um grande centro de pesquisa na Suíça. Poderia ser um crime de assassinato comum, se além de físico, a vítima não fosse um padre, e se o crime não fosse tão próximo do Conclave. Brown brinca com o fato de ter relações direta entre as religiões e ciências, e claro, a maldade. Maldade que algumas pessoas podem pensar em como alguém poderia tirar a vida de um servo de Deus, ou como poderiam tirar a vida de um gênio da ciência. O pior é como o Langdon é envolvido por ser um gênio dos símbolos. Brown mostra em pequenos indícios do personagem ser um auto-retrato, além de ser um ótimo momento de mostrar-se capaz de prender qualquer pessoa com seus suspenses "baratos" que todos já imaginam o final antes mesmo da metade do livro.

Se seus momentos de ação fossem contagiantes, talvez o livro fosse mais proveitoso. Não é, de forma alguma, um livro ruim, mas é um livro fácil de entender. O forte e vasto conteúdo histórico que o autor conseguiu conciliar em seu livro deixa as frases, mesmo que sem efeito algum, fiquem mais agradáveis em serem lidas. O que para muitos, esse é o maior acerto do autor, mesmo com a pena do mesmo não escapar nunca dos clichês proposto pelas tramas.

Autor Dan Brown
Tradução: Maria Luíza Newlands
Gênero: Literatura Estrangeira/Suspense/Ação
Editora: Sextante
Nota: 3.5

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Trilogia Millennium - Livro 1 - Os Homens que não Amavam as Mulheres

Até onde vai a crueldade masculina? Ninguém soube responder essa pergunta, mas é justamente ela que surge quando o leitor começa a entender Os Homens que não Amavam as Mulheres. O primeiro livro, muito bem escrito por Stieg Larsson, deixa tudo esclarecido com o que esperar nos próximos "episódios", mas sem deixar os leitores se enganarem. Muito bem protagonizado pelo coerente e competente Mikael Blomkvist fazendo com que detetives e policiais fiquem de lado para o repórter pode trabalhar com mais liberdade, para conduzir com toda perspicácia que lhe convém em sua nova missão. Veio a calhar, pois seu momento profissional e pessoal não estava em melhor forma. O que, pouquíssimas pessoas imaginavam, é que o livro teria mais uma coerente e competente protagonista feminina. Lisbeth Salander seria completamente igual ao Mikael se não fosse hacker e gótica. Se sua forma brilhante de observar fosse com as mesmas fontes de métodos da forma brilhante de observar do Mikael, talvez os dois não teriam formado uma brilhante dupla. O problema de fato, foi a missão. Descobrir um paradeiro de uma pessoa que já estava entregue ao presente como morta há anos não é missão fácil, nem para os dois. E o que seria pior, descobrir o motivo da morte, levando a decepções profundas de pessoas mais próximas. As descrições de situações são muito bem detalhadas por Larsson de uma forma descomunal. Larsson que foi repórter a vida inteira, infelizmente não teve tempo de ver sua obra tornar-se imortal.

Não se engane. Os filmes de adaptações do livro não chegam perto da qualidade do livro. O impossível quase foi atingido com a versão dirigida pelo David Fincher e protagonizada por Daniel Craig e Rooney Mara. O clima de suspense proposto pela trama é mantida fielmente por Fincher em seu filme, mas como sempre, tem suas diferenças. O importante é que quem pegar na obra do Larsson, estará assinando sua sanidade de forma obrigatória.

Autor: Stieg Larsson
Tradução: Paulo Neves
Gênero: Literatura Estrangeira/Suspense
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5.0

domingo, 14 de abril de 2013

A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça - Coleção Eternamente Clássicos

O terror fantástico nunca foi resumido apenas pelo mestre H. P. Lovecraft, claro, mas todos só procuraram os livros e contos do mesmo como referência. Quando Tim Burton adaptou A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça para os cinemas do mundo inteiro, pouquíssimas pessoas sabiam do que se tratava a trama. O filme recebeu seus destaques favoráveis pelo protagonista Johnny Depp e foi sucesso garantido para os bolsos dos produtores. Então, para muitos o filme já bastou, mas veio o erro em deixar que isso acontecesse, e outros pouquíssimos foram atrás do conto escrito por Whasington Irving, e depararam com um texto completamente diferente do roteiro assistido no cinema. Assim, nasceram dois tipos de fãs do cavaleiro: os que assistiram o filme e acharam o conto estranho, e os que não gostaram do filme por conta do conto. O que de fato diferencia as duas obras, é que o conto foi escrito de forma documental. Não existem diálogos, nem grandes descrições de momentos de desespero. Tudo está em forma de que houveram momentos descritos em um diário, ou relatório. Ichabod Crane, que no filme é um argente do FBI, no conto sua profissão é diferente, o mesmo personagem é professor. Diga-se de passagem a sua função como professor é bem mais explorada do que como agente do FBI. Além do mais, o mesmo personagem já mora em Sleepy Hollow, não em Nova York, como no filme. E mais diferente ainda do filme, seu encontro com o cavaleiro resume-se em apenas dois momentos, ao contrário do filme mais uma vez.

O conto não deixa nada faltar. Lá estão todos os personagens, todos os cenários, mas tudo diferente. Assim como O Mágico de Oz, o conto de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça deixa o leitor pensando no que está faltando na história. Não está completo, essa é a sensação passada após a leitura. O filme, apesar de ser bem diferente, ainda está há anos luz no quesito qualidade.

Autor: Whasington Irving
Tradução: Santiago Nazarian
Gênero: Literatura Estrangeira/Conto/Infanto Juvenil
Editora: LeYa Brasil/Barba Negra
Nota: 2.0

sábado, 13 de abril de 2013

Raciocínio - A Vida, o Mundo e as Páginas

Ontem, quando compartilhei o link da minha opinião sobre O Pequeno Príncipe, e posteriormente recebi um comentário privado de que eu lia muitos livros da qual ninguém se interessava mais. Antes de levar em consideração de que eu recebi uma opinião pessoal e privada e vir aqui soltar os cachorros, vou falar mais ou menos do meu lado profissional, pois trabalho numa livraria e sei o quando as pessoas procuram, compram e presenteiam O Pequeno Príncipe. Agora posso soltar os "cachorros". Eu fico me perguntando o que as pessoas procuram nesses blogs literários. Provavelmente devem procurar livros do Nicholas Sparks, ou coisas parecidas com 50 Tons de Cinza, o que me deixa impressionado e entristecido com algumas várias pessoas. Entendam, eu não tenho nada contra as pessoas que procuram a literatura moderna, atual e em alguns caso, mal escritas. Mas eu, particularmente, fui atrás das influências antes de conhecer o que tem nas livrarias hoje. Várias editoras investiram pesadamente em títulos que iriam lhe render muito dinheiro. Claro, elas são uma empresa, como qualquer outra. Mas mesmo entendendo seus motivos, não podem me obrigar em concordá-los. A Editora Intrinseca além de publicar a saga Crepúsculo e ganhar dinheiro, muito dinheiro com isso, lançou recentemente a Trilogia 50 Tons, e adivinhem, mais dinheiro no bolso da editora. Fortaleço mais uma vez o meu pensamento que o problema não é como as editoras trabalham, e sim o que elas escolhem para lançar, e para minha alegria, a mesma editora lançou A Culpa é das Estrelas e O Teorema Katherine, ambos do escritor John Green, e um "discreto" livro chamado Extraordinário, escrito por J. R. Palacio. Na minha opinião pessoal, dois dos maiores acertos da editora. Isso porque nem falei do discretíssimo e ótimo livro O Homem Máquina, do Max Barry.

Mas vem minha atual questão. Alguém que me "cobra' ler livros que estão na atualidade, sabe me dizer o que une algumas obras com outras obras. Comparar George R. R. Martin com J. R. R. Tolkien é fácil, quero ver gente me dizendo onde O Senhor dos Anéis se encontra com As Crônicas de Nárnia, e até mais fácil, como me dizer a "semelhança" entre o próprio George R. R. Martin com William Shakespeare. Quero ver alguém me explicar onde Admirável Mundo Novo, 1984, Fahreinheit 451, Ensaio Sobre a Cegueira e o nosso mundo real tem em comum. Quero ver me dizer quem perdeu-se primeiro no mar aberto, Max e os Felinos, ou A Vida de Pi. Quero ver alguém imaginar o que aconteceria se Sherlock Holmes tomasse um café com Hercule Poirot. em Londres. Ou pior, se o professor James Moriarty unisse forças com Arsene Lupin, no que poderia acontecer com o mundo? É sobre isso, e outras coisas, que pessoas que só procuram ler o que foi lançado ontem, não conseguem responder.

Depois não entendem porque sou fã assumido da Companhia das Letras, que mesmo lançando o que é novo, tendem a criar novos clássicos. O mundo dos livros já foram muito melhores, quando todos os escritores eram tratados como artistas, e não como opções de leitura. E ainda falam que O Pequeno Príncipe está ultrapassado. Saudades dos tempos do Harry Potter...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Pequeno Príncipe

Falar d'O Pequeno Príncipe é quase um clichê declarado. A culpa, obviamente, não foi o Antoine de Saint-Exupery, foram dos próprios leitores e admiradores do mesmo. Logo de cara, a intenção do autor ficou clara que não era agradar uma legião inteira de fãs e ser imortalizado pelos mesmos, mas por um acaso, isso aconteceu. Frases feitas cheias de efeito servem hoje só para pessoas soltarem indiretas pelas redes sociais, o que é uma pena, pois o livro tem muito mais do que isso para mostrar. Então, resumir o livro só em frases de indiretas é de fato um pecado, pois O Pequeno Príncipe se trata de uma das maiores expressões artísticas da história! Por meio de uma narrativa poética, o livro busca apresentar uma visão diferente do mundo, levando o leitor a mergulhar no próprio inconsciente, reencontrando sua criança. Isso, por si só, já deixa entender que não se trata de um livro para crianças, como muitos pensam. Presentear uma criança com esse livro é de ótimo gosto, mas não é compensável. As crianças, por mais que gostem das ilustrações do autor, não entenderão a profundidade que o livro propõe. Mas o problema não são as crianças que não entendem, e sim os adultos que não muitos nem conseguem interpretá-lo da forma correta, da forma como o autor escreveu.

De toda forma, a profundidade proposta por ele foi eternizada, principalmente, pelo que entenderam. Se a cobra, o poço, a raposa, entre outros personagens mascantes do livro não fizeram efeito nos demais, então algo está errado com o mundo, o que é de se esperar. Saint-Exupery, definitivamente, acertou em cheio no que queria acertar. Voar com seu avião particular lhe deu bons alvos e ideias de como chegar neles bem mais fáceis. Chegou e ficou!

Autor: Antoine de Saint-Exupery
Tradução: Dom Marcos Barbosa
Gênero: Literatura Estrangeira/Infantil/Infanto Juvenil
Editora: Agir
Nota: 5.0

domingo, 7 de abril de 2013

Percy Jackson & os Olimpianos - O Ladrão de Raios - Livro 1

Para muitos, Percy Jackson entrou na maldição que muitos livros do gênero fantasia e infanto juvenil entraram. Harry Potter foi embora, mas deixou o local vago do seu reinado, e muitos apostaram alto no Percy Jackson & os Olimpianos. Rick Riordan não fez nada sem pensar. Ex-professor de literatura, soube sentar e desenvolver uma boa trama para um personagem simples demais. Perseu Jackson, ou apenas Percy, é impulsivo e tende a chamar confusões fáceis. Garoto problema, se vê preso no mundo encantado da qual fica sabendo que faz parte. Isso já foi colocado, também, em Harry Potter. Uma família conturbada, com algumas garrafas de cervejas, machismo e jogos de cartas são vistas em sem mundo normal como algo negativo. De fato, são, mas o personagem não precisava detestar os três fatores como se existissem melhores possibilidades para o que lhe incomoda. Monstros por toda parte também é algo muito visto no Ladrão de Raios. Enquanto isso, seu mundo encantado lhe proporciona um grupo de amigos igualmente fantásticos, como o próprio personagem. Baseado em trio, com um líder, um alívio cômico e uma menina esperta demais para o grupo, assim o livro parte para aventura. O trio, exatamente com a mesma composição, também é visto em Harry Potter. Sua ligação com os poderes do pai, Poseidon, lhe da boas habilidades com a água, entre outros objetos de luta. Inclusive, o personagem principal tem uma ligação forte com o vilão, dando a impressão de já terem visto algum Voldemort nas páginas do Ladrão de Raios.

Se a renovação de séries literárias fossem obrigatórias, talvez Rick Riordan nunca teria publicado um só livro do gênero. Para alegria do mundo literários, ele não se resume só em fantasia, pois em seu curriculum encontram-se vários livros de terror e suspense. Sorte dele, porque depender do Perseu e seus amigos amestrados, nada daria certo.

Autor: Rick Riordan
Tradução: Ricardo Gouveia
Gênero: Literatura Estrangeira/ Infanto Juvenil, Fantasia
Editora: Intrinseca
Nota: 3.0

Três Sombras

Falar em dívidas no século 21 é quase como falar do dia-a-dia, mas em Três Sombras, as dívidas foram cobradas em prazos aceitáveis. Um pacto sempre vem com juros altíssimos, do nível que nem todo mundo está disposto a pagar. Quando se faz pedidos religiosos, Deus tende a dar com a mão, e retirar com a mão. Até então, a bíblia resume os pedidos concedidos dessa forma. De cara, o autor Cyril Pedrosa não está falando do lado bom da crença, está falando de pactos, não de orações. O lado ruim da vida tranquila do garotinho Joaquim aparece em instantes de medo e insônia. A harmonia da família simples que mora numa casa de campo torna-se visível que o que está por vir não se trata de algo desejável, mas esperado. A vida pacata de Joaquim logo dará lugar ao contato de imoralidade e trapaça, ambientado num navio de péssimas condições. Enquanto o medo impera em seus pais, a dúvida impera Joaquim. Ótima forma do autor colocar a falta de medo e o excesso da insônia do menino, dando assim o lugar para ele mesmo querer conhecer as tão temidas "três sombras". O mais legal, o que melhor compõe o livro, são os desenhos. De uma forma detalhada, e caricata ao mesmo tempo, os traços do autor não deixam o leitor pensar de que falta algum detalhe. O maior trunfo do livro, de fato, é o esforço do pai em separar o filho do perigo proposto pelas sombras, deixando cava vez mais os desenhos e a viagem muito bem colocada pelo autor, dando até vontades para os leitores.

O livro resume bem que uma dívida mal feita pode custar coisas que não podem ser pagas. Depende bastante da disposição do devedor em pagar o que deve com sangue, suor e glória, mais ainda se lhe custa uma vida como juros. Se o medo em fazer a dívida é ignorado, por que manter o medo em pagá-la? Mas verdade seja dita, poucos são os pais que tem a disposição de colocar a si mesmos como devedores de um pacto secreto, e tentar não pagar a dívida.

Autor/desenhos: Cyril Pedrosa
Tradução: Carol Bensimon
Gênero: HQ's
Editora: Quadrinhos na Cia./Companhia das Letras
Nota: 5.0

Maré de Sangue

Melvin Burgess se tornou famoso pela mitologia de seus livros, sempre recheados com ficção científica e aventura. Além disso tudo, o autor também ficou famoso por quebrar tabus em seus livros para crianças e adolescentes. Em Maré de Sangue, Burgess experimenta a vingança, então é de se esperar muito sangue, assim como o título propõe. Ambientada no ano de 2200, numa Inglaterra devastada, servente como cenário de uma guerra entre gangues. As grande nações sempre tiveram problemas com gangues, inclusive as que sempre acharam que um dia poderia tomar o poder de alguma cidade importante. Isso acontece muito bem em Maré de Sangue, mas de formas mais fantasiosas possíveis. Os humanos fazem com que mutantes sejam a escória do mundo, causando mais ainda transtornos aos humanos com a resistência dos mutantes. O livro inteiro tem ótimas referências, mas Burgess consegue não deixar a imagem de cópia, muito menos plágio. A vingança proposta pelo autor é simples, sem mexer em grandes motivos e mágoas de seus personagens. Esse é justamente o problema. O livro de Burgess passa a imagem de cansativo, justamente por sua trama. Por sorte, o texto não passa a imagem de péssima adaptação cinematográfica. As descrições do altor por cenários, figurinos e até criaturas são dignas de uma bela produção.

Se Burgess fosse um ótimo escritor, com toda certeza o livro valeria muito a pena, mas ele não é. Talvez tenha sido o tema, ou o desenvolver da trama, mas de fato, ele se perde nas próprias linhas. A Maré de Sangue tão esperada, pode passar despercebida pelo leitor se ele não tiver vontade de ler o livro até o final. A vontade explicita de fazer um livro repleto de "cenas" de ação também atrapalha a narrativa. No meio de algum diálogo, sempre aparece alguém para estragar as explicações. O livro tinha tudo para ser bom, se não resumisse apenas em poder.

Autor: Melvin Burgess
Tradução: Daniel Frazão
Gênero: Literatura Estrangeira/Fantasia/Ficção Científica
Editora: Rocco
Nota: 3.0

terça-feira, 2 de abril de 2013

Aviador

A literatura infanto-juvenil sempre teve bons autores, mas que se prendiam demais aos livros que já escreveram anteriormente e causava um incômodo com os próximos. Poucos são cuidadosos no quesito versatilidade, mas sempre aparece um que sabe se destacar muito bem no assunto, e nesse momento, talvez, não tenha algum melhor do que Eoin Colfer. Autor da bem conceituada série Artemis Fowl, sai das séries e muda o assunto, dando ao mundo o presente de Aviador. Levemente confundido com o filme do mestre do cinema Martin Scorcese, O Aviador, o livro é completamente ao contrário de uma vida de magnata que pode ser visto no filme. A aventura proposta por Colfer é muito bem jogada para o leitor que espera momentos de ação e drama. O livro trata de um garoto chamado Connor, que nasceu para voar, ou mais precisamente, nasceu voando. Em uma noite sombria, uma traição cruel e astuciosa destrói sua vida e rouba seu destino. Se a vingança fosse algo que realmente importasse, talvez todos saberiam logo de cara do que se trata o livro. Colfer teve uma ótima referência com Alexandre Dumas com sua obra de O Conde de Monte Cristo. A vingança vivida por Edmond Dantés nem se quer chega na cabeça de Connos, ou pelo menos pela intensidade. Connor ainda é jovem demais para pensar na importância da vingança, mas consegue pensar no troco, e apenas isso. Içar voo primeiro era um dos primeiros trocos proposto por Connor.

Colfer sempre será um escritor de ótimas aventuras, isso é inquestionável, e para alegria de todos, ele inquestionavelmente não é bitolado, não martela sempre o mesmo assunto, o mesmo mundo, as mesmas aventuras. Mas como nem tudo nesse mundo são flores, ele precisava mesmo escrever de uma forma simples, assumidamente para adolescentes? A escrita o Colfer causa a impressão de fazer o leitor ler a mesma pagina três vezes, de tão simples que são. Mas de fato, a acerto em suas tramas deixam todos esperando pelo próximo livro do autor. E que ele nunca deixe de escrever.

Autor: Eoin Colfer
Traduções: Alves Calado
Gênero: Literatura Estrangeira/Infanto Juvenil
Editora: Galera Record
Nota: 4.0

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Homem do Castelo Alto

Lembrar das aulas de história do segundo grau quando se falava na Segunda Guerra Mundial pode ser frequente em muitas pessoas no planeta, mas apenas uma conseguiu imaginar como seria de o final fosse completamente diferente. Ninguém poderia responder muito bem sobre um mundo em que Hitler ainda estivesse vivo, governando, dividindo o mundo com suas contas de raça pura. Obviamente, o autor Philip K. Dick usa um cenário fictício com base na Segunda Guerra Mundial vencida pelos nazistas. A Alemanha dita as regras ao lado do Japão escravizando os africanos, entre outras nações do tão falado terceiro mundo. Uma das coisas mais importantes do livro é, de fato, como o autor compara uma fictícia Alemanha vitoriosa com o imperialismo do real vitorioso. K. Dick tinha a fama de provocar incômodos no governo dos Estados Unidos com sua forma de transcrever suas ideias, deixando cada vez mais seu nome imortal na literatura mundial. Com esse livro, o autor levanta a eterna questão do que poderia ser real, ou não, principalmente pelos fatos históricos ocorridos na Segunda Guerra. Apostar em judeus usando identidades falsas para sobreviver foi um acerto e tanto. Muitos, até hoje, precisam fingir serem outras pessoas para não serem "mortas" por críticas e apontar de dedos alheios.

Talvez seja o livro mais fácil de ler do K. Dick. O texto deixou a complexidade longe, mesmo o tema sendo por natureza, complexo. A mensagem, se é que K. Dick se preocupa com mensagens, é que o mundo por mais louco que seja, ele é mais simples do que se imagina. O famoso manda quem pode, obedece quem tem juízo é muito bem utilizado pelo autor na melhor forma de ação e suspense. Italianos são tão vítimas quanto os negros escravos pelo sistema ariano, sendo utilizados como espiões, entre outras atividades. Pena, uma pena mesmo, que o K. Dick ainda tenha poucas publicações no Brasil, deixando saudades até para quem não o conhece ainda.

Autor: Philip K. Dick
Traduções: Fabio Fernandes
Gênero: Literatura Estrangeira/Ficção Científica
Editora: Aleph
Nota: 5.0