segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ao Facebook

OK, vai, eu sei que ter uma página no Facebook é extremamente comum entre os blogs por aê, mas com essa consciência me fez pensar que, mesmo eu não tenho um blog estiloso, custa nada fazer uma página lá também.

Em breve, vou mudar algumas coisas no blog, porque essa aparência não tá ajudando muito, mas de primeira, a página tá ai pra quem quiser.

Clique aqui e curta lá. Valeu! :)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

1984

Sua vida é controlada? O quanto você reclama da sua rotina? Se incomoda com os olhares dos vizinho? Se todos parassem para pensar de como tem uma vida simples e não sabe, talvez o mundo fosse mais fácil. Na verdade, em 1984 vemos vidas que não existem. Levantar para trabalhar numa indústria o dia inteiro, é ter a certeza de não ter uma vida... isso quando se tem o conhecimento de que existem possibilidades de se viver melhor. Trabalhar, trabalhar, trabalhar e só trabalhar é uma regra imposta subliminarmente por toda sociedade, seja ela qual for e de sua cultura. Mas como todo homem, medido pela curiosidade, acaba sendo, por sua vez e vontade, teimoso. Mas por sua vez, a sua observação, como sempre, e por sempre, deixa deixa-se envolver pela paixão.A vigilância pelo regime político de forma inconveniente e pela força de imposição ao controle social é deveras assustadora quando imaginada no mundo real. Se ter câmeras de segurança em locais públicos, para alguns, já é um absurdo, imaginar uma câmera vigiando todos os seus passos em residências, local onde a privacidade é mantida como sagrada por quem habita. Ainda mais com a possibilidade de ser ouvido, pois não basta ver o que acontece, tem que ouvir as conversas, também. Se o pensamento é a única forma de escapar da vigilância, por que não escrever? A escrita, por mais vigiada que fosse, não era lida. E quando lida, algo anteriormente foi feito para chamar as autoridades. "Livre Pensamento" é o que o autor chama a discordância do regime pela consciência do cidadão. O simples fato de ter uma lâmina de barbear é muito bem retratada como algo ilegal, caso a conta de propriedades não bater com os números registrados. A engrenagem totalitária da sociedade sufoca, mesmo que na ficção.Com total domínio do Estado, onde tudo é coletivamente, mas cada qual vive sozinho, e sem chances alguma de escapatória de um poder cínico e cruel ao infinito, além, claro, do vazio no sentido histórico pessoal, social e profissional. Trabalhar é uma vontade controlada pelas suposições de funções que o Estado pode lhe oferecer. Se é saudável e forte, será ótimo nos trabalhos braçais, minimamente na construção civil. Se tiver conhecimento de leis, talvez um advogado escravizado. O importante é ter serventia no regime. Uma das frases mais marcantes do livro, talvez a mais famosa, mostra que o real interesse do regime não é nada demais: "só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro". Perante ao nome de todo poder, a caçada pela liberdade é algo complexo diante de olhos inocentes e moldados para ver o que foram "treinados" para verem, nada mais do que isso.

Quando foi publicada em 1949, poucos meses antes da morte do autor, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro perigosamente próximo logo experimentaria um imenso sucesso de público. Seus principais ingredientes - um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais - atraíram leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução. Não importava, de forma alguma como iriam interpretar o conteúdo do livro, e sim o impacto que ele iria causar em quem o entendesse. À parte isso, a escrita translúcida de George Orwell, os personagens fortes, traçados a carvão por um vigoroso desenhista de personalidades, a trama seca e crua e o tom de sátira sombria garantiram a entrada precoce de 1984 no restrito panteão dos grandes clássicos modernos. E que está até hoje nos corações e memórias de quem o tem em casa.

Autor: George Orwell
Traduções: Heloisa Jahn & Alexandre Hubner
Gênero: Literatura Estrangeira/Ficção Científica
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5.0

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

V de Vingança

Nunca no mundo um obra literária foi tão bem aceita quanto V de Vingança. O mundo inteiro o conhece pro seu personagem, apenas conhecido como V, uma pessoa misteriosa com seu passado e origem tão misteriosos quanto sua identidade. Se todo cidadão que esconde seu rosto é considerado criminoso por desejar demais. Desejar no sentido de ir atrás do que quer, e isso é um crime grave perante a sociedade londrina que compõe V de Vingança. Alan Moore escreveu seu livro ainda na década de 1980, e a influência do regime político da Primeira Ministra britânica e extremamente conservadora Margaret Thatcher, mundialmente conhecida como A Dama de Ferro. A influência serviu muito bem no sentido político da trama, e claro, na criação do visual do personagem. Um mascarado reprimido pelas crenças e convicções chamaria atenção de diversas pessoas, e claro, outras crenças e convicções. O incômodo sempre foi uma regra no governo de Thatcher, e claro, Moore não poderia deixar esse incômodo de fora da sua obra. Se o fascismo não teve força na literatura, claro que em V de Vingança essa força seria colocada em prova. A questão é, se todo o governo pensaria da mesma forma, ou se os cidadãos agiriam de forma diferente. Se muitas pessoas nunca viram um manifesto sendo retratado na literatura, estão demorando muito para lerem V de Vingança.

O enredo que Moore cria em suas obras, geralmente causa incômodo para quem não está acostumado em lê-lo. Seus personagens são verdadeiros socos no estômago de personalidades fortes e marcantes, embalados com argumentos fortes, e ouvidos resistentes, preparados para o debate... ou o combate. Assim, com esses ingredientes, as importâncias de cada personagem nunca foram esquecidas. V, obviamente, não foi esquecido, nem na cultura pop, nem fora dela. A máscara usada pelo V é a intervenção histórica de Guy Fawkes, soldado inglês católico que teve participação Conspiração das Pólvora na qual se pretendia assassina o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos membros do parlamento durante um sessão em 1605, objetivando o início de um levante católico. Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam usados para iniciar a conspiração. Moore fez seu dever de casa em nome da criatividade e marca registrada em manter sua qualidade como autor. Graças ao Fawkes e ao Moore, anos depois a máscara do V ficou conhecida pelo grupo Anônimos, na qual lutaram pelo direito de informação mantida em sigilo por instituições, empresas e governos do mundo inteiro.

O direito de informação, a pólvora, a conspiração, a justiça, a fúria, o povo, a liberdade, a cidadania, a inocência, a infância, todos são vistos em V de Vingança. Com suas respostas na ponta da língua, V deixou marcas no ego de quem não acreditava, ou ainda não acredita, numa política livre, em que o cidadão ainda é prioridade. A obra ajudou a clarear ideias de que o esforço bem utilizado pode ser uma arma, ou simplesmente impenetráveis por balas. Moore deixa claro que para os cidadãos de muitas nações, a liberdade é vista como objetivo, quando para a sua visão, como autor, a liberdade é só o caminho, isso fica nítido em uma de suas frases mais marcantes; "A anarquia ostenta duas faces. A de Destruidores e a de Criadores. Os Destruidores derrubam impérios, e com os destroços, os Criadores erguem mundos melhores". O fato de esconder o rosto é sinônimo da falta de liberdade que todo governo explicitamente em seus mandatos, Moore fez para o mundo uma bíblia de que o que precisam mesmo, é levantar e lutar. Se o medo ostentar a ausência da força, a organização para chamar atenção é válida. Assim Moore deixa sua marca registrada na cultura pop, para que se um dia precisarem, a máscara está disposta as ações.

A edição muito bem cuidada da Panini trazem vários detalhes. Além de um artigo escrito pelo próprio Moore antes da série ser terminada, falando um pouco de onde tirou suas ideias para escrever e como ele imaginava pessoas tornando-se fãs. Ainda tem esboços de ideias iniciadas pelo David Lloyd para o V. Ainda capas da série e posters feito pelo quadrinista algum tempo depois de todo seu lançamento. Válida!

Autor: Alan Moore.
Desenhos: David Lloyd
Nota: 5,0
Editora: Panini

terça-feira, 18 de junho de 2013

Max e os Felinos

O mundo é naturalmente perigoso. Desde os tempos das cavernas, o homem enfrentou diversos perigos no na Fauna e na Flora. Fora outras tribos, que por muito tornaram-se aldeias, depois vilarejos, e hoje, nós vemos nos formatos de nações. A Fauna mudou de aparência, e a Flora foi substituída por concreto e ferro. Em meio ao concreto e ferro, o leitor conhecerá Max, um jovem alemão sensível criado pela severidade do pai, que sempre lhe colocou a visão do mundo pelo medo e insegurança. O pai, um comerciante de peles de animais tem o próprio filho como funcionário. Entre as peles da loja, Max teme, sempre pelo susto do deparar-se, um jaguar empalhado no meio da loja no tamanho e aparência ameaçadora natural. O jaguar empalhado talvez seja a maior representação de um trauma para o garoto, que por natureza, sempre foi sensível ao que via. Max sonha, por vários momentos, apenas ser alguém importante para alguém, ou para a visão de vários na sociedade. É com esse medo, um tanto imaturo, que envolve-se com Frida, empregada de seu pai em seu estabelecimento e, o mais grave, esposa de um militar nazista. Se tentar ser alguém para o Max era algo complicado, para tentar isso mais uma vez, e dessa vez certo, teria de sair da Alemanha para nem de perto correr o risco de ser assassinado por um pecado da qual não teve conhecimento que poderia comete-lo.

Moacyr Scliar é inquestionável! Seus cuidados na criação do Max é notável. As descrições de locais são postas de lado, mas a prioridade do autor, sem dúvida, é descrever os momentos e sentimentos dos personagens com enfase. É importante, na visão de Scliar, que o leitor entenda, antes de tudo, como Max entende o mundo. Se existe um problema em Max ser alguém para alguém, é notável para todos, menos para o Max, que não importa como ele enxerga o mundo e seu redor, mas como o mundo o enxerga. Scliar consegue fazer de seu livro, três livros diferentes só com o Max tentando ser alguém.

O incrível, é que sem perder o foco, Scliar escreveu três livros em um. Começar a vida na Alemanha onde a repressão e o medo sempre foi presente, e cada vez mais se convive com isso, é pensar como um livro tão simples recebeu uma notoriedade por um possível plágio. O "segundo livro" é onde todos notam de node vem o plágio. O náufrago durante a viagem para o Brasil revela, desta vez com mais força, o medo de Max pelos felinos grandes. Dividir um bota salva-vidas com um jaguar real é tão complicado quando dividir um bota salva-vidas com um tigre de bengala. Se o medo em ter algo artificial em sua vida era grande, temer, com justificativa, um jaguar real é mais do que compreensível. A ameaça de espécies diferentes no mesmo pequeno espaço no meio do Oceano não é de espantar. Ambos sentem medo de ambos, mesmo não aparentando. O "terceiro livro" tem um toque político muito forte. Um estrangeiro ilegal num país onde a cultura é completamente diferente, sem contar com o clima tropical, sem dúvida seria uma aventura politizada dos costumes e desafios que o povo brasileiro iria impor ao jovem alemão assustado. Conseguir emprego para pagar aluguel, casa para morar, pessoas para confiar, sem falar em pessoas para, mais uma vez, aceitá-lo. Nada que não se veja, claro, hoje em dia. Mas são esses capítulos que deixam o livro confuso em vários momentos. Todos os capítulos tem nomes de felinos de grande porte, mas não se aparecem. As feras que enfrentam Max são de longe feras que obviamente ele iria enfrentar um dia. E o Jaguar, cadê? É justamente nesse momento que se entende-se o plágio e o aproveitamento de uma ideia mal aproveitada. De toda forma, Scliar é inquestionável na sua obra de arte.

Inquestionável também foi a edição que a L&PM Editores lançaram. Uma verdadeira obra de arte em capa dura, com um pequeno texto resumindo a vida e a obra de Scliar e uma ótima introdução do livro por Regina Zilberman. Como se não bastasse, ainda lançaram com um texto escrito pelo próprio Scliar sobre as controvérsias entre Max e os Felinos e A Vida de Pi, explicando exatamente o seu ponto de vista entre os dois livros. E um posfácio escrito pela Zilá Bernd. Imperdível! Muitas pessoas vão entender bem o que se passa entre os dois livros com essa edição, basta procurá-la e ler atenciosamente onde está a semelhança de cada um, e embarcar com seu felino particular.

Autor: Moacyr Scliar
Gênero: Literatura Brasileira
Editora: L&PM Editores
Nota: 4,0

sábado, 15 de junho de 2013

A Morte de Bunny Munro

Ser viciado em sexo é doença, mas ser sexista seria o quê?Definitivamente, A Morte de Bunny Munro é a prova de que Nick Cave é um multi-artista, mas um ótimo músico. Não se resumir em apenas mais um artista da música é seu maior trunfo, mas tentar emplacar a todo custo como escritor vai lhe tirar o carisma. Deixando seus pequenos erros de lado, mesmo assim, arriscou. História muito bem bolada, com protagonista muito bem pensado e desenrolar inesperado. Resumir esse livro como algo simples não seria exagero, ele é simples demais. A relação forçada por um suicídio de esposa, faz com que o pai, Bunny, tenha que cuidar do filho que nunca foi seu atrativo, Bunny Junior, ou Bunny Boy, como o próprio pai o chama.

Trair nunca foi muita dificuldade de pessoas mal criadas, nem magoar pessoas, nem roubá-las, e seja lá qual for a forma que pessoas infiéis encaram a vida. Não importa, até o exato momento, descobrir de onde vem a vontade de trair, o que importa é a raiva causada pela traição. É quase isso que Cave tenta abordar em seu livro, mas de uma forma inteligente, mais superficial, deixando espaço para interpretação do leitor. Se trair causa raiva, entre outros sentimentos, quem trai não sente nada? Seria impossível dizer que não sente, mas pensando bem, sentem sim. Mesmo que seja uma gripe, ou uma dor de cabeça, o que importa é o que eles sentem.

Em resumo, o sexo é um vício complicado de ser vencido, e se de fato desejam um dia vencê-lo. O problema é o sexismo. Imaginar qualquer pessoa pelada, ou como alguém se comporta quando excitado e excitar-se com isso é algo inexplicável. Bunny chega a ter fetiches esquisitos e descritos pelo autor de uma forma muito bem humorada, com a Avril Lavigne e Kelly Minogue, chegando a masturbar-se pensando em simplesmente como seria o formato de suas vaginas quando depiladas e molhadas. O cinismo de Bunny chega a ser muito identificado por muitos leitores pelo simples fato de que "nosso maior objetivo é o ser prazer" poderia ser o slogan mal elaborado de qualquer empresa no mundo real.

Se resumir o livro de Nick Cave de simples seria um crime, dizer que escrever um livro para no fim resumir o mesmo em dizer que o que assombra o homem é o amor, o arrependimento e a saudade é quase pensar e tentar entender como o desenrolar demorou tanto para resumir-se nisso. O problema do Cave não são suas descrições sem detalhes aprofundados, nem seus personagens que por hora são interessantes e outrora são péssimos seres humanos de se conviver. Enrolar para ganhar folhas nem sempre foi uma boa causa para alguns leitores, mas compreender os motivos de uma história longa e fácil de ser resumida é fácil. E para alegria de quem lê, Cave não deixa seu livro sem pé e nem cabeça, todos os nós são laçados. E para mais alegria dos leitores, consegue fugir do clichê muito bem.

Autor: Nick Cave
Tradução: Fabiano Moraes
Gênero: Literatura Estrangeira
Editora: Record
Nota: 3,5

domingo, 9 de junho de 2013

Meme - 7 Pecados da Leitura

Quem me indicou na brincadeira foi a Luana, do Doce Madrepérola

Pequenas regrinhas:

- Lincar o blog que te indicou.
- Responder às perguntas.
- Indicar quantos blogs quiser



GANÂNCIA - Qual o seu livro mais caro? (e qual é o mais barato também?)
Sendo bem honesto, não lembro do mais barato. Tudo que é barato passam despercebidos, então os livros não seriam nada diferentes. Mas o mais caro que comprei foi um livro chamado Montanha Gelada, do Charles Frazier. Na época que comprei, me custou 70 reais, mas se eu não me engane, o mesmo custa hoje 57 reais.

IRA - Com qual autor você tem uma de amor e ódio?
George R. R. Martin.

GULA - Qual o livro que você devorou rapidinho e sempre relê?
Reler, eu só fiz isso com os que abandonei, com uma exceção, que foi O Mundo de Sofia. Li esse livro nas férias do segundo grau, e lembro que foram quatro dia. OK, que hoje eu leio muito mais rápido, mas lembro que fiquei bem impressionado com minha fome nesse livro.

PREGUIÇA - Qual livro você começou a ler, mas sempre deixa como segunda opção?
Estou no Crônicas de Gelo e Fogo - A Guerra dos Tronos há minimamente dois meses. E também não consigo terminar Dom Casmurro, mesmo achando ele bem interessante.

ORGULHO - Qual livro da sua estante mais se orgulha de ter/falar sobre?
Sendo mais uma vez honesto, não sei responder essa pergunta sem lembrar de vários. Mas acho que o qual eu sempre falo é o Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios, do Marçal Aquino. Além de ter um belo título, o texto também é muito admirável. Acabo sempre indicando ele para qualquer pessoa que me pede indicações.

LUXÚRIA - Qual o maior gasto que já cometeu? (vale tanto o valor quanto em quantidade de livros) Quando foi isso?
Acredito, que em uma só compra, cheguei a pagar 250 reais. Não lembro exatamente quando, mas lembro que na época eu trabalhava e recebia um salário legal para uma pessoa com 19(?) anos de idade.

INVEJA - Qual livro você sempre vê por ai, todo mundo tem e você deseja ardentemente?
Não digo inveja, e por motivos de "descaso" eu ainda não tenho Ensaio Sobre a Cegueira e O Amor dos Tempos do Cólera. Sempre compro algo que eu jugo mais difícil de ser encontrado.

Para estes desafio, eu indico:

Mariana Paixão
Marcela Marques
Karine Braschi
Mayse Silva
Neriana Rocha
Lucas Souza
Rafaela Oliveira
Ka Kozniak
Maylla Rolim
Maurício Brillinger

sábado, 8 de junho de 2013

O Código Da Vinci

Não se pode negar que Dan Brown estudou muito na vida. Suas pesquisas históricas são ricas de informações corretas, dando mais ênfase ao fato histórico para depois encaixar sua trama. Dessa vez ele toca no clichê das sociedades secretas, mas de sua forma, que mesmo não escapando do clichê, deixa agradável. A trama começa com um assassinato em pleno Museu do Louvre, em Paris, traz à tona uma possível conspiração para revelar um segredo mantido desde os tempos de Jesus Cristo. A vítima, Jacques Saunière, um respeitado curador do museu, e um dos líderes de uma antiga fraternidade. É mais do que motivos para Robert Langdon, o simbologista favorito de muitos leitores e amantes da literatura de suspense retornar ao mundo. Se em Anjos & Demônios ele teve ajuda de uma mulher, nesse, claro, não seria nada diferente. Sophie Neveu, brilhante criptógrafa entra no grupo dos inteligentes que podem salvar o mundo.

Mesmo preso em clichês convencionais, Brown ainda espanta em criar seus próprios clichês, e fazer deles a sua marca registrada. É clichê demais não ter personagens que se preocupam em beber um copo de água, ou até mesmo não sentir fome. Claro que isso atrapalharia no desenvolvimento da trama, isso é inquestionável, mas as necessidades humanas são sempre esquecidas quando na verdade, precisam apenas. Sendo assim, Langdon e Neveu são imbatíveis com pontos de vistas que só eles podem juntos poderiam ter. Ainda no começo do livro, nota-se que a trama está muito bem armada com o susto do Langdon ao deparar-se com o fato do curador morto estar ligado com Priorado de Sião - uma história sociedade secreta que teve como membros personalidades como Sir. Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo Da Vinci.

Com sua inteligência, Langdon não demorar para perceber que está no encalço de um espantoso segredo histórico, que com o passar dos séculos, mostrou-se ao mesmo tempo esclarecedor e perigoso. Em uma corrida contra o tempo entre Paris e Londres, os protagonistas mediram forças com um oponente poderoso e até então desconhecido, que muito parece prever cada um de seus passos.

Rompendo todos os padrões da literatura de suspense, O Código Da Vinci é ao mesmo tempo dinâmico, inteligente e entremeado com seus detalhados trabalhos de pesquisas. Logo em primeiras páginas guiadas pelas impressões do que não pode ser previsto, o celebrado autor Dan Brown revela-se um dos mestres do gênero.

E mais uma vez, vem o clichê. Dessa vez no comentário de todos em dizer que Brown estraga seus livros com seus finais. Todos o desenvolver do livro é enormemente envolvente. Todos os leitores ficariam impressionados com o que reservam para o final. Se envolver numa trama história, milenar e poderosa é sempre o ponto positivo para Brown e seu personagem Robert Langdon, mas o próprio criador não consegue encontrar a criação numa reta final perfeita, deixando todos com gosto de quero mais, infelizmente.

Autor: Dan Brown
Tradução: Celina Cavalcante Falck-Cook
Gênero: Suspense
Editora: Sextante
Nota: 3,5

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Mundo Fantasma

Ser chato, para muitos, é uma dádiva. Ser chato e mesmo assim, ser bem aceito mais ainda. Assim poderia resumir Mundo Fantasma se não fosse as observações de suas protagonistas. É inegável que Daniel Clowes escreva e descreva muito bem suas histórias, mas como todos bom autor, sempre tem uma obra questionável. Escrita em 1989 para sua revista Eigthball no formato sério, não demorou muito para tornar-se um sucesso pela crítica especializada. Com muito sarcasmo e uma visão bem peculiar do mundo, a série acompanhava o dia-a-dia de Enid e Becky, duas jovens com grande teor de cinismo e inteligência que na interpretação delas, são colocadas frente às mais bizarras situações e pessoas, sempre com uma critica mordaz à sociedade moderna na qual elas vivem. As observações das duas são sempre afiadas, o que deixa o desenvolver da história muito divertida, mas mesmo sendo afiadas e inteligentes, elas não sabem dividir o que é bom e ruim em várias coisas. Pessoas, então, nem se fala. E é justamente nesse ponto que está o erro de Mundo Fantasma. Com uma boa dose de referência ao Apanhador no Campo de Centeio, Clowes deixa a chatice de suas personagens sobressair mais fácil do que suas possíveis qualidades. Nem as duas escapam de suas críticas.

Chatices, por mais construtivas que sejam, sempre atrapalham. Uma não abre mão da outra, nem quando se trata de possíveis namoros e transas. Descobrir outras pessoas não está em cogitação, pois para elas, o mundo poderia ser pulverizado ou reformado para pessoas que girariam em torno de seus umbigos sujos. Enit é a mais cínica, sente medo do apaixonar-se e deseja que todos também sintam. Enquanto Becky quer sentir os prazeres eróticos e amorosos que sua amizade com Enit não permite. Se são tão amigas, para que evitar a vida uma da outra?

Em meados de 1997, os oito capítulos de Mundo Fantasma foram reunidos em um só volume que tornou-se a graphic novel independente mais bem-sucedida do mercado norte-americano de quadrinhos. A Gal Editora lançou esse único volume com extras imperdíveis para quem é fã de Clowes com notas sobre as referências à cultura pop encontradas no desfecho do livro, traduções e informações sobre as músicas "ouvidas" durante a história e até uma biografia do autor.

Autor e ilustrações: Daniel Clowes
Gênero: HQ's
Editora: Gal Editora
Nota: 3,0

terça-feira, 4 de junho de 2013

A Culpa é das Estrelas

Sentir-se triste não é pecado. Nunca foi e nunca será. Pecado é causar tristeza nas pessoas. Mas assim como todo pecado, nem toda tristeza é causada pela vontade. Assim resume-se o pecado do John Green. Além de escrever de forma simples e eficiente, o autor consegue emocionar e deixar todos os leitores pensando onde erraram no tratamento com outras pessoas. A honestidade de Green em suas descrições chegam a assustar. Sem escapar de forma alguma de uma escrita simples, Green sabe como prender os leitores até o final. Primeiro desenvolve personagens que cativam pessoas pela forma de pensar. Seguindo a lógica dos personagens, nada melhor do que deixá-los com ótimo gosto pela cultura pop. Como todos já sabem, A Culpa é das Estrelas fala de dois jovens com câncer, Hazel Grace e Augustus Water. Gus, como é chamado, não sofre mais com a doença que lhe custou uma perna, mas Hazel ainda luta contra um câncer no pulmão não causado por cigarros.

O problema é que nem sempre ter atenção e cuidados de pessoas próximas e amadas são tão desejados como se imaginam. Ter a impressão de que todos sentem pena de você por não ter saúde é péssimo, por mais que sintam inevitavelmente. Chamar atenção por um detalhe, mesmo que seja só uma máscara, ou tubo de oxigênio, não é agradável, ainda mais para pessoas que naturalmente não chamariam atenções por onde passaria. Assim resume-se Hazel, uma jovem discreta que chama atenção pelo fardo da doença que carrega. Augustus sofre do mesmo jeito, mas de jeito diferente. O andar manco não revela uma perna mecânica, mas ela sempre está lá, acompanhando sem perder a presença da ausência da perna verdadeira. Apaixonar-se por um livro chamado Uma Aflição Imperial fez com que os dois se aproximassem, mesmo que ainda o medo de serem fardos um para o outro.

Sem perder tempo, Green nos apresenta um romance bem estruturado pela doença que une os dois. Viajar juntos para Amsterdã para não aproveitar as formas de embriagar-se nas ruas vermelhas é quase como conhecer outro planeta sem precisar de um foguete. Os momentos que dois adolescentes em fase terminal da vida passam na Holanda são de dar inveja aos românticos espalhados no mundo. Se almejar conhecer pessoas na Holanda é algo bom, bom mesmo deve ser ganhar momentos românticos no Museu da Anne Frank.

Mas como todo autor moderno, John Green infelizmente entra na lista dos comparados do Nicholas Sparks. Tudo fica bem, mas sempre tem algo possivelmente abalador para acontecer. Obviamente, para alegria de todos, ele escapa do clichê desenfreado do Sparks, mas é inevitável comentar a semelhança entre suas obras. Frases de efeito são sempre bem colocadas entre linhas por Green. Sempre regadas por situações, não apenas estão la para compor linhas e frases sem pé nem cabeça. O trabalho de tradução que a Intrínseca fez para esse livro é incontestável, acertaram em cheio chamando Renata Pettengill. Despedidas são sempre péssimas, causam dores e deixam marcas profundas, mas dizer adeus para a certeza de nunca encontrar a pessoas que se foi é mais doloroso ainda. E assim "alguns infinitos são maiores do que outros" para muitas pessoas, principalmente para os que gostaram muito de A Culpa é das Estrelas.

Autor: John Green
Tradução: Renata Pettengill
Gênero: "sick-lit"/Literatura Estrangeira
Editora: Intrínseca
Nota: 5,0

terça-feira, 28 de maio de 2013

A Queda - Trilogia da Escuridão - Livro 2

Precisando de sangue? Essa pode ser uma dúvida que no decorrer das páginas de A Queda, o leitor verá que não precisar esperar pela resposta. Sequência de Noturno, A Queda mostra que a Trilogia da Escuridão realmente veio para ficar. Nunca será uma trilogia popular, mas a intenção dos autores, era justamente essa, desde o começo das ideias.

Não será visto de forma alguma um vampiro andando na luz do dia e brilhando. Sem papinhos de evitar o extinto comandar. Ou ter pudor de vítimas. Começando pela imagem. Em Noturno, os vampiros tem uma aparência que lembram zumbis, em A Queda, essa aparência chega a ficar pior. A intenção não é assustar, e sim causar um incômodo da parte do leitor referente ao imaginário de seus ferrões. Os dentes são lugares a línguas muito bem afiadas e o cérebro resume-se por muitos momentos de uma grande importância. O conhecimento sempre levado em prova de que coragem anda lado à lado com a inteligência A boa imagem do vampiro sedutor deu lugar a outras funções. Vampiros com boas aparências servem para infiltrar-sem em locais humanos. Se a aparência monstruosa causa pavor, nada melhor do que deixar um intacto para saber como extrair o máximo de recursos possíveis para obter o objetivo direto e prático.

A dominação do mundo sempre foi um objetivo para os vilões. Mas Guillermo del Toro e Chuck Hogan não resumiu os planos diretamente no objetivo, mas sim explicou passo à passo como se consegue o que quer, mesmo que custe caro. Custo esse que o mal está disposto a pagar, e o bem, sempre disposto a dar o troco, para alegria de muitos.

Autor: Guillermo del Toro & Chuck Hogan
Tradução: Paulo Reis & Sérgio Moraes Rego
Gênero: Literatura Estrangeira - Terror
Editora: Rocco
Nota: 5,0

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Revolução dos Bichos

Falar de animais sem lembrar o quanto o homem pode ser animal, é quase inevitável. Se todos os homens são iguais em aos olhos de Deus, os amimais são todos em um só corpo. Igualdade demais gera contradições que nem o homem conseguiria descrever como uma forma de diferenciar boas pessoas de péssimas pessoas. Mas de fato, algo deve ser concordado por demais em um mundo moderno e globalizado: "quatro pernas bom, duas pernas ruim". A frase resume exatamente o que o leitor lerá em todo livro: quem anda melhor, é o vilão.

Em resumo, o livro tem uma boa proposta por trás da fofura. Pois cansados de exploração que são submetidos pelos humanos, os animais rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário. Com uma vaga lembrança do mundo real, A Revolução dos Bichos é um soco na cara das pessoas que acreditam mesmo que o mundo, sem o primeiro passo para melhorarias. O problema do mundo inteiro, não é simplesmente a falta de atitudes de muitos, e sim o que essa mesma falta pode ocasionar. Entregar o poder para quem se confia apenas por imagem, sempre foi, e sempre será o ponto máximo da incompetência humana.

Se todos são iguais na cadeia alimentar do planeta terra, para que serviria o ato de dividir? A política da história da humanidade sempre foi baseadas em divisões, e claro que George Orwell não deixaria essa característica de fora. "Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros" faz o leitor ter a certeza de que ser humano é muito pior do que ser um porco sádico, tanto moralmente, quanto socialmente e claro, politicamente.

Autor: George Orwell
Tradução: Heitor Aquino Ferreira
Gênero: Literatura Estrangeira
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5,0

domingo, 12 de maio de 2013

Pedaço - Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios


Autor: Marçal Aquino
Editora: Companhia das Letras


Falei que estava pensando em ir embora. Lavínia gritou do chuveiro:
- O que você disse?
Entrei no banheiro e puxei a cortina de plástico. ela ensaboava o corpo.
- Tô pensando em ir embora daqui.
- Pra onde?
- Não sei ainda. Talvez volte para São Paulo.
Lavínia passou o sabonete entre as pernas, levantou um monte de espuma. E sonho.
- O que foi, bateu saudade de casa?
- Não posso ficar aqui para sempre, tenho que dar um jeito na minha vida.
Ela guiou o jato do chuveirinho para o púbis. Desfez a espuma, não o sonho.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma Princesa de Marte

Poucas são as pessoas que lembram do nome Edgar Rice Burroughs referente ao Tarzan, mas ficou frequente lembrar desse nome com Uma Princesa de Marte. Não é culpa do autor, claro, mas também não é culpa dos leitores receber com mais facilidades seus livro marciano como primeira referência. A adaptação ao cinema do livro marciano fez com que a referência fosse inevitável, mas falar de John Carter sem lembrar da fantasia que Burroughs criou é quase como falar de marte e não lembrar que ele é vermelho.

Um soldado veterano, sem motivações para atritos e brigas é escalado para uma missão de transporte um tanto arriscada. Sem pensar muito ele aceita pelo bom pagamento, mas não imagina o que vai encontrar em seu local de destino. Um tipo de teletransporte o leva para sua maior viagem: marte. Perante a visão de soldado, chegar num território desconhecido é como assinar a própria declaração de óbito. Uma terra barrenta e avermelhada era muita informação nova para um cérebro que, pelo amadurecimento de querer viver longe de confusões, tinha uma visão interiorana. Avistar seres vivos de tamanho muito maior do que o normal e de colorações verdes assustaria qualquer ser humano, não só o Carter. Burroughs, por sua vez, escreveu seu livro para falar de novos rumos na vida, novas experiências e novas descobertas. Se sua experiência na terra foi dura o bestante para não ser o suficiente, nada melhor do que ir para um lugar onde você é a caça, o escravo, o experimento e até a descoberta. Assim como a Terra, Burroughs deixa a vida em Marte com outras raças, assim como existem os vendes, existem os marcianos vermelhos. Isso sem falar da fauna e flora do planeta idealizado pelo autor.

Em meio ao desconhecido, reconhecer o que é bom e ruim deve ser algo difícil demais. Principalmente quando partem de princípios medievais que não se vê mais em tempos na Terra. Para Carter, voltar para casa seria como voltar ao zero, ou recomeçar sem condições, e ainda por cima, encarar os mesmos problemas que para ele, já o deixava cansado só em acordar. Para que voltar? A vida em Marte seria bem mais complicada se não fossem as identificações com suas raças. Os vermelhos, que tanto queriam derrubar o trono de seu rei e dominar seu planeta vermelho, e os verdes, que tanto livre querem viver, apenas vivem presos em seus passados conturbados, e ameaçados pelos vermelhos. Carter quer compreender os vermelhos e ajudar os verdes, mas essa guerra não é dele.

O problema desse livro que tanto promete, é justamente a forma de escrita do Burroughs. Dando uma impressão infantilizada nos textos. Para um livro que influenciou Avatar, do James Cameron, ler algo clichê e infantilizado deixa um gosto amargo de querer algo mais no que está escrito, e não desejando algo mais escrito. Para muitos, ter Avatar como influenciado não é uma boa referência, mas por importância de mercado e metas atingidas, espera-se mais de Uma Princesa de Marte.

Autor: Edgar Rice Burroughs
Tradução: Ricardo Giassetti
Gênero: Fantasia - Ficção Científica
Editora: Aleph
Nota: 3.0

terça-feira, 7 de maio de 2013

Meu Pai Fala Cada Uma

Lançado anteriormente como Meu Pai Fala Cada M*rda, o livro escrito por Justin Halpern nos faz pensar que, apesar de péssima, a ignorância pode ser fonte de divertidos momentos. Halpern, que antes de escrever o livro, fez um perfil no twitter chamado Shit My Dad Says, postando apenas frases que seu pai soltava espontaneamente no seu dia-a-dia. O perfil fez sucesso em muito pouco tempo, dando a possibilidade do autor em colocar as melhores situações em um possível livro. E foi justamente o que Halpern fez, aproveitou a excelente oportunidade de mostrar ao mundo fora da internet o que seu pai soltava em forma de convicções.

Segundo o Justin, Sam Halpern é sábio como Sócrates, mas desbocado e muito mal-humorado. De fato, as frases ditas pelo pai tem a profundidade de um poema ou pensamento filosófico, mas sendo recitado no meio de uma manada de búfalos numa loja de cristais. Se cada palavra dada pelo pai fossem socos, talvez seriam muito mais bem interpretadas por quem ouvissem-as. Frases com efeito cômico sempre surgem com força e gargalhadas dadas logo após o ponto final. "Não sei por que as pessoas continuam a me procurar quando não conseguem ficar de pau duro. Se eu soubesse como consertar isso, estaria dirigindo uma Ferrari a 300 na direção oposta à desta casa" é uma das frases, que mesmo todos se identificando com seu incômodo, cair no riso é inevitável.

O livro tem começo com o Halpern assumindo que quando criança, morria de medo de seu pai. Ainda no começo do livro, o leitor entende o porque desse medo. Não por acaso, seu pai colocaria medo até em adultos, imagine em crianças. "Quero um pouco de silêncio... Meus Deus, isso não significa que eu não goste mais de você! Significa apenas que, neste momento, gosto mais do silêncio" dá para o leitor ter mais do que noção sobre as fortes emoções de infância do autor. Conforme as páginas vão passando, a ignorância de seu pai vai dando lugar ao valor na relação pai-e-filho. Em vários capítulos próximos ao final do livro, dá para ver que se trata mesmo é de amor. Afinal, um pai cruel e cômico não tem motivos nenhum para não amar um filho que sempre recebe seus desmantelo verbal, ele tem quase a obrigação de amá-lo, mais do que seu laço afetivo parteno possa explicar.

No fim das contas, ambos são iguais no amor, no crescimento e no descobrimento um do outro. A realidade entre os dois podem ser bem complexas que as observações feitas pelos leitores sobre uma determinada situação entre os dois com determinados assuntos, vistas de ângulos diferentes, podem fazer a relação dos dois bem contraditória. Não é culpa do leitor, nem culpa do autor, e sim das lembranças impostas pelo Halpern pai. O mais incrível, não é a forma como o pai trata filho, e sim, ver que depois de anos entre os dois, o filho não desejou de forma alguma um pai diferente. O intrigante é imaginar toda essa relação conturbada ser regada por boas piadas, mas o livro e o twitter são a prova de que tudo deu certo.

Autor: Justin Halpern
Tradução: Marcello Lino
Gênero: Biografia/Humorismo
Editora: Sextante
Nota: 5.0

sábado, 27 de abril de 2013

Astronauta Magnetar - Graphic MSP

Ser um astronauta talvez seja o sonho de 90% das crianças do mundo, mesmo que um sonho passageiro. Desbravar o espaço desconhecido pelo homem é, talvez, o que 100% do planeta Terra pensante quer. Unido o fator humano, com o fator homenagem, essa graphic novel não poderia ser ruim. Danilo Beyruth acertou em cheio no projeto idealizado por Maurício de Souza. O projeto consiste em novas roupagens de seus personagens clássicos, e Beyruth escolheu um dos mais complexos, o Astronauta.

A própria visão do Maurício já é bastante complexa. Uma pessoa jovial, espirituoso e de bom humor, troca a vida que poderia ser normal, em nome do desconhecido universal e solidão? Como manter contato com sua família em meio aos relatórios obrigatórios sobre novas galáxias e planetas? E o amor, em que cometa ficou? Se um simples personagem para crianças tinha toda essa "mitologia" por trás de sua vida, adaptado para os adultos provavelmente ele poderia ficar mais complexo. A ajuda do questionamento e ilusões deixam mais ainda Astronauta Magnetar muito mais intrigante. Se viver só no espaço é algo que para muitos é complicado, deve ser pior viver só no espaço, ser acostumado com isso e por momentos não achar que está sozinho e principalmente, seguro. Com ótimas referências de Arthur C. Clark e até Isaac Asimov, Beyruth conseguiu escrever uma obra prima em formado de HQ.

Lembando em alguns momentos o 2001 - Uma Odisseia do Espaço e até o THX 1138, o astronauta faz o leitor pensar de como seria deixar tudo para de lado e correr atrás das verdades que está lá fora. O problema não é o desenvolver da trama, nem do monólogo que sempre está presente, é mais uma vez, a sensação de que foi pouco. Ler algo muito bom e saber que vai acabar rápido é uma sensação péssima, e é quase isso que o leitor vai sentir-se. O mundo precisa de mais Astronauta Magnetar, assim como precisa saber mais sobre si mesmo.

Autor: Danilo Beyruth
Gênero: HQ's
Editora: Panini Books
Nota: 5.0

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Percy Jackson & os Olimpianos - O Mar de Monstros - Livro 2

Existem várias receitas de fazer uma série literária de sucesso. Uma delas, acima de tudo, é criar um mundo fantástico. Rick Riorda conseguiu isso muito bem. Obviamente, copiando uma série de sucesso estrondoso, como foi com o Harry Potter. Tudo sobre essa "cópia" já foi comentado por demais por blogs que de certa forma, também interpretou dessa maneira. O Mar de Monstro, segundo livro da séria Percy Jackson & os Olimpianos, deixa de lado a vontade do autor em ficar em primeiro lugar nas atualidades. A aventura proposta no segundo livro concerta o que foi colocado de forma errônea no primeiro livro, além de acertar na sua boa vontade na autonomia do gênero.

Mais uma vez o trio protagonista unem forças para mais uma missão. Dessa vez a equipe ficou maior com a entrada do Tyson, uma criança ciclope que ajuda Percy na sua escola convencional. A importância do Tyson é sempre colocada em questão pelo autor por ele ser um mendigo e não ter família. Acerto do autor em tentar escapar da ideia do Harry Potter, pois apesar do Rony Weasley ser pobre, ele nem chega perto de ser mendigo. O problema é como esconder um ciclope, que mesmo aparentando ser uma criança, seu único olho chamaria atenção demais. Atenção, é uma coisa que se ver demais nos livros do Riordan. O autor cuida muito bem de suas obras, pesquisando profundamente o que ele vai escrever na trama. Em O Mar de Monstro, esse cuidado do autor é muito mais visível do que em O Ladrão de Raios, livro anterior da série.

O esforço do autor é grande. Almejar ser uma série sem sucedida e sair das sombras do Harry Potter não é fácil. Seus esquemas de trama deixam o leitor preso, mas ele mesmo não consegue não pensar em algo que não seja parecido com a série do menino bruxo. Não é culpa do leitor, o que deixa a competência do autor questionável. Se for para ler o famoso "mais do mesmo" é melhor passar mais um tempo vasculhando o que pode ser diferente do que já foi visto, ou por sorte, esperar o Riordan lançar uma nova série que não aparente ser uma cópia de nada que você já tenha lido.

Autor: Rick Riordan
Tradução: Ricardo Gouveia
Gênero: Literatura Estrangeira/Fantasia/Infanto Juvenil
Editora: Intrinseca
Nota: 3,5

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Raciocínio - O que Indicar?

Esses dias, me perguntaram quais livros que já falei por aqui eu indicaria com toda certeza. Antes de tudo, eu afirmo que todos eu indicaria, mas nem todos são bons e obrigatórios. E também tem o fator gosto, o que pode ser bom demais para mim, pode não ser para os demais. É tudo muito relativo. Acho, que acima de tudo, blogs não servem mais para formar opiniões, e sim ajudarem a quem quer ter as suas opiniões. As pessoas entram em blogs sobre tudo no mundo, e nem sempre seguem o que os mesmo dizem sobre os assuntos procurados. O blogs sobre livros não são diferentes. Cada vez mais surgem blogs que falam sobre livros e suas interpretações. Infelizmente, como eu mesmo já comentei por aqui, nem todos os livros comentados nos 90% desses mesmos blogs são de grande proveito por não terem profundidade.

Então, conforme foi pedido para minha pessoa, vou tentar indicar os que já escrevi aqui e acho indispensáveis, sem ordem de importância.

Trilogia da Escuridão
Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios
Ensaio Sobre a Cegueira
O Mundo de Sofia
Nova York - A Vida na Grande Cidade
As Vantagens de Ser Invisível
O Homem que Calculava
O Livro do Cemitério
A Estrada
Trilogia Millennium
A Confissão da Leoa

No momento, posso indicar esses, mas em breve postarei mais por aqui que eu posso indicar. Sem pressa e correria, aos poucos eles vão aparecendo por aqui.
Até breve!

Peixe Grande

Quase ninguém sabe, mas Tim Burton leu muito bem esse livro antes de fazer seu filme, que por sinal, deu um resultado muito bom. Não por acaso o cineasta escolheu esse livro para adaptá-lo. O mesmo havia acabado de ser pai, e com obras como seu filme e o livro em questão, talvez mostrasse ao filho como seria muito melhor se o mundo fosse fantasioso como ele de fato conseguiria ser, basta querermos para isso.

Daniel Wallace, escritor um tanto desconhecido entrou na lista de grandes autores que poucas pessoas irão se esforçar para conhece-los. O que é uma pena, pois muitos dos desconhecidos tornam-se grandes nomes para novos livros clássicos. Peixe Grande, completamente desconhecido, tem tudo para marcar e fazer acontecer. Se um pai ama seu filho, provavelmente ele irá querer o melhor para o mesmo. Assim, um filho que não conhece o pai por ele não demonstrar quem realmente ele é, pode ser algo relativamente péssimo. É com isso que Wallace brinca, com o que agrada, ou desagrada em uma pessoa. Se fantasiar o mundo é algo errado, mostrar sua crueldade diretamente pode ser certo por quê? No fim das contas, sabem-se quem merece o melhor do mundo, ou o pior, basta plantar para colher, e assim vai as regras de um mundo melhor. E se faltar alguma coisa, inventa-se.

O maior acerto de contas de Wallace com o mundo é como se conduz uma relação entre pai e filho baseadas em interpretações do que é verdade e mentira. Mentiras tão bem contadas podem ser verdade? Talvez seriam se não fossem propositalmente ditas para atiçar a imaginação, e nada mais do que isso. Educar um filho é algo simples visto por pessoas que querem alimentar a forma de visão que esse filho precisa ter do mundo. Todo bandido, por mais bandido que seja, pode ter algo nas mangas que sejam construtivo por demais. Um dono de uma bela casa pode ser uma ótima pessoa para outras pessoas, mesmo que você não queira tomar o lugar de ninguém. Não se precisa ser melhor do que ninguém para ser alguém no mundo.

O erro de Wallace resume-se apenas na simplicidade que usou para criar seu livro. O roteiro adaptado por John August deixou os acontecimentos com mais coerência no filme. Tim Burton e sua visão deixou um passo à frente, mas de forma alguma desmereceu a obra original. O filme é um grande convite para conhecer o livro, cabe ao leitor/espectador dizer quem se destaca mais.

Autor: Daniel Wallace
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance/Fantasia
Editora: Rocco
Nota: 3,5

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Confissão da Leoa

De primeira impressão, os mais velhos que pegarem A Confissão da Leoa irão achar bem parecido com A Sombra e a Escuridão, filme estralado por Val Kilmer e Michael Douglas. Não é culpa do autor, Mia Couto, nem dos roteiristas, mas talvez seja culpa da trama. Com vários toques diferentes um do outro, o livro destaca-se por ser muito mais pesado e profundo das relações das vítimas com os caçadores. Aliás, esse é o ponto máximo, pois em toda forma, ninguém sabe ao certo se são leões ou homens que além de vítimas, são os caçadores. Mia Couto, famoso por escrever suas histórias na África, ricas de descrições de belas paisagens, estradas de terra e pessoas sofredoras. O sofrimento da África, segundo Couto, são os costumes dos pais ensinados aos filhos. Não é só de péssimos costumes e desvalorização dos filhos que se vive a África, ainda existe os medos, os aproveitadores e os que apenas vão para o continente para sugar o que existe de melhor por lá.

Couto não sente pena de quem ler A Confissão da Leoa. Ele quer incomodar, e consegue. Como uma sociedade milenar no continente mais antigo do planeta consegue viver mendigando soluções até hoje? Algumas frases no início dos capítulos do livro podem responder essas perguntas, mas todas são interpretativas, então depende do leitor compreender os fatos como são, ou como o autor desejou serem. "Onde os homens podem ser deuses, os animais podem ser homens" é justamente o toque da trama. Se de toda forma o homem pode usar seu poder de persuadir outras pessoas em tarefas que não serão feitas sem ordens, o que curta alguém morrer por isso? Morrer, por sinal, é para muitos uma ótimas, ou melhor, escolha de alguém quando se mora na África. Assim o autor deixa claro, que se for para ser homens e transformarem outros homens em deuses, um leão faminto é mais do que bem vindo. "Tem cuidado com os leões. Mas tem mais cuidado ainda com a cobra que vive no covil dos leões" é, de fato, o resumo do continente africano pelo autor.

Muito bem representado por Arcanjo Baleiro, o caçador arrependido de suas caças é a figura de redenção aos atos dos homens animais que ele reconhece e conhece todos os dias de sua vida. A má vontade da caça o deixa cada vez mais amargurado por estar vivo e mais apaixonado por sua cunhada, esposa de seu irmão, já quase morto. O próprio Arcanjo reconhece que nem seu próprio dedo obedece a ordem de seu cérebro para apertar o gatilho e finalizar sua tarefa. O incômodo é não ser feliz com que se faz, e sim o que quer deixar de fazer. Mariamar, uma jovem moça nascida na aldeia onde a história se passa, é talvez, a melhor representação da vontade em ser animal. Para ela, indiretamente, talvez fosse muito mais fácil ser uma leoa que ataca na surdina. Assim, por mais que a vida fosse difícil, os instintos de sua espécie não lhe daria tanta dores. Ser filha de uma aldeia vítimas de homens leões, é de fato, o sofrimento de sua vida.

Mia Couto acertou em cheio na narrativa de seu livro. Escrito com a narrativa de primeira pessoa alternando entra os pontos de vista de Arcanjo Baleiro e Mariamar, o livro forma um grande quebra-cabeça de corações apertados e vontades de abandonar tudo e todos. O leitor, por sua vez, consegue acompanhar tudo com calma, mesmo que torcendo por um leão invisível aos olhos de quem quer ver. O acerto do autor não resume-se em ser africano e saber dos problemas de seus continente, e sim saber escrever sobre os problemas de seu continente, sem ao menos induzir uma solução. Soluções para quê? No fundo, todos somos tão sofredores e caçadores quanto os que moram lá.

Autor: Mia Couto
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5.0

terça-feira, 23 de abril de 2013

Anjos & Demônios

Suspenses tendem a cair no esquecimento, e no presente momento, poucos lembram de Dan Brown como um escritor promissor. Quando saiu Anjos & Demônios no Brasil, acabou sendo um livro que foi de carona no colapso meteórico de O Código Da Vinci. O forte do Brown nem sempre foi o suspense, mas dessa vez ele conseguiu. Todos falam do Da Vinci como sua obra prima, mas em Anjos & Demônios o autor atingiu sua melhor forma em descrever tramas e mistérios.

Na trama, Robert Langdon, pacato professor de de simbologia em Havard, é chamado às pressas para desvendar um crime cometido contra um físico em um grande centro de pesquisa na Suíça. Poderia ser um crime de assassinato comum, se além de físico, a vítima não fosse um padre, e se o crime não fosse tão próximo do Conclave. Brown brinca com o fato de ter relações direta entre as religiões e ciências, e claro, a maldade. Maldade que algumas pessoas podem pensar em como alguém poderia tirar a vida de um servo de Deus, ou como poderiam tirar a vida de um gênio da ciência. O pior é como o Langdon é envolvido por ser um gênio dos símbolos. Brown mostra em pequenos indícios do personagem ser um auto-retrato, além de ser um ótimo momento de mostrar-se capaz de prender qualquer pessoa com seus suspenses "baratos" que todos já imaginam o final antes mesmo da metade do livro.

Se seus momentos de ação fossem contagiantes, talvez o livro fosse mais proveitoso. Não é, de forma alguma, um livro ruim, mas é um livro fácil de entender. O forte e vasto conteúdo histórico que o autor conseguiu conciliar em seu livro deixa as frases, mesmo que sem efeito algum, fiquem mais agradáveis em serem lidas. O que para muitos, esse é o maior acerto do autor, mesmo com a pena do mesmo não escapar nunca dos clichês proposto pelas tramas.

Autor Dan Brown
Tradução: Maria Luíza Newlands
Gênero: Literatura Estrangeira/Suspense/Ação
Editora: Sextante
Nota: 3.5

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Trilogia Millennium - Livro 1 - Os Homens que não Amavam as Mulheres

Até onde vai a crueldade masculina? Ninguém soube responder essa pergunta, mas é justamente ela que surge quando o leitor começa a entender Os Homens que não Amavam as Mulheres. O primeiro livro, muito bem escrito por Stieg Larsson, deixa tudo esclarecido com o que esperar nos próximos "episódios", mas sem deixar os leitores se enganarem. Muito bem protagonizado pelo coerente e competente Mikael Blomkvist fazendo com que detetives e policiais fiquem de lado para o repórter pode trabalhar com mais liberdade, para conduzir com toda perspicácia que lhe convém em sua nova missão. Veio a calhar, pois seu momento profissional e pessoal não estava em melhor forma. O que, pouquíssimas pessoas imaginavam, é que o livro teria mais uma coerente e competente protagonista feminina. Lisbeth Salander seria completamente igual ao Mikael se não fosse hacker e gótica. Se sua forma brilhante de observar fosse com as mesmas fontes de métodos da forma brilhante de observar do Mikael, talvez os dois não teriam formado uma brilhante dupla. O problema de fato, foi a missão. Descobrir um paradeiro de uma pessoa que já estava entregue ao presente como morta há anos não é missão fácil, nem para os dois. E o que seria pior, descobrir o motivo da morte, levando a decepções profundas de pessoas mais próximas. As descrições de situações são muito bem detalhadas por Larsson de uma forma descomunal. Larsson que foi repórter a vida inteira, infelizmente não teve tempo de ver sua obra tornar-se imortal.

Não se engane. Os filmes de adaptações do livro não chegam perto da qualidade do livro. O impossível quase foi atingido com a versão dirigida pelo David Fincher e protagonizada por Daniel Craig e Rooney Mara. O clima de suspense proposto pela trama é mantida fielmente por Fincher em seu filme, mas como sempre, tem suas diferenças. O importante é que quem pegar na obra do Larsson, estará assinando sua sanidade de forma obrigatória.

Autor: Stieg Larsson
Tradução: Paulo Neves
Gênero: Literatura Estrangeira/Suspense
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5.0

domingo, 14 de abril de 2013

A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça - Coleção Eternamente Clássicos

O terror fantástico nunca foi resumido apenas pelo mestre H. P. Lovecraft, claro, mas todos só procuraram os livros e contos do mesmo como referência. Quando Tim Burton adaptou A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça para os cinemas do mundo inteiro, pouquíssimas pessoas sabiam do que se tratava a trama. O filme recebeu seus destaques favoráveis pelo protagonista Johnny Depp e foi sucesso garantido para os bolsos dos produtores. Então, para muitos o filme já bastou, mas veio o erro em deixar que isso acontecesse, e outros pouquíssimos foram atrás do conto escrito por Whasington Irving, e depararam com um texto completamente diferente do roteiro assistido no cinema. Assim, nasceram dois tipos de fãs do cavaleiro: os que assistiram o filme e acharam o conto estranho, e os que não gostaram do filme por conta do conto. O que de fato diferencia as duas obras, é que o conto foi escrito de forma documental. Não existem diálogos, nem grandes descrições de momentos de desespero. Tudo está em forma de que houveram momentos descritos em um diário, ou relatório. Ichabod Crane, que no filme é um argente do FBI, no conto sua profissão é diferente, o mesmo personagem é professor. Diga-se de passagem a sua função como professor é bem mais explorada do que como agente do FBI. Além do mais, o mesmo personagem já mora em Sleepy Hollow, não em Nova York, como no filme. E mais diferente ainda do filme, seu encontro com o cavaleiro resume-se em apenas dois momentos, ao contrário do filme mais uma vez.

O conto não deixa nada faltar. Lá estão todos os personagens, todos os cenários, mas tudo diferente. Assim como O Mágico de Oz, o conto de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça deixa o leitor pensando no que está faltando na história. Não está completo, essa é a sensação passada após a leitura. O filme, apesar de ser bem diferente, ainda está há anos luz no quesito qualidade.

Autor: Whasington Irving
Tradução: Santiago Nazarian
Gênero: Literatura Estrangeira/Conto/Infanto Juvenil
Editora: LeYa Brasil/Barba Negra
Nota: 2.0

sábado, 13 de abril de 2013

Raciocínio - A Vida, o Mundo e as Páginas

Ontem, quando compartilhei o link da minha opinião sobre O Pequeno Príncipe, e posteriormente recebi um comentário privado de que eu lia muitos livros da qual ninguém se interessava mais. Antes de levar em consideração de que eu recebi uma opinião pessoal e privada e vir aqui soltar os cachorros, vou falar mais ou menos do meu lado profissional, pois trabalho numa livraria e sei o quando as pessoas procuram, compram e presenteiam O Pequeno Príncipe. Agora posso soltar os "cachorros". Eu fico me perguntando o que as pessoas procuram nesses blogs literários. Provavelmente devem procurar livros do Nicholas Sparks, ou coisas parecidas com 50 Tons de Cinza, o que me deixa impressionado e entristecido com algumas várias pessoas. Entendam, eu não tenho nada contra as pessoas que procuram a literatura moderna, atual e em alguns caso, mal escritas. Mas eu, particularmente, fui atrás das influências antes de conhecer o que tem nas livrarias hoje. Várias editoras investiram pesadamente em títulos que iriam lhe render muito dinheiro. Claro, elas são uma empresa, como qualquer outra. Mas mesmo entendendo seus motivos, não podem me obrigar em concordá-los. A Editora Intrinseca além de publicar a saga Crepúsculo e ganhar dinheiro, muito dinheiro com isso, lançou recentemente a Trilogia 50 Tons, e adivinhem, mais dinheiro no bolso da editora. Fortaleço mais uma vez o meu pensamento que o problema não é como as editoras trabalham, e sim o que elas escolhem para lançar, e para minha alegria, a mesma editora lançou A Culpa é das Estrelas e O Teorema Katherine, ambos do escritor John Green, e um "discreto" livro chamado Extraordinário, escrito por J. R. Palacio. Na minha opinião pessoal, dois dos maiores acertos da editora. Isso porque nem falei do discretíssimo e ótimo livro O Homem Máquina, do Max Barry.

Mas vem minha atual questão. Alguém que me "cobra' ler livros que estão na atualidade, sabe me dizer o que une algumas obras com outras obras. Comparar George R. R. Martin com J. R. R. Tolkien é fácil, quero ver gente me dizendo onde O Senhor dos Anéis se encontra com As Crônicas de Nárnia, e até mais fácil, como me dizer a "semelhança" entre o próprio George R. R. Martin com William Shakespeare. Quero ver alguém me explicar onde Admirável Mundo Novo, 1984, Fahreinheit 451, Ensaio Sobre a Cegueira e o nosso mundo real tem em comum. Quero ver me dizer quem perdeu-se primeiro no mar aberto, Max e os Felinos, ou A Vida de Pi. Quero ver alguém imaginar o que aconteceria se Sherlock Holmes tomasse um café com Hercule Poirot. em Londres. Ou pior, se o professor James Moriarty unisse forças com Arsene Lupin, no que poderia acontecer com o mundo? É sobre isso, e outras coisas, que pessoas que só procuram ler o que foi lançado ontem, não conseguem responder.

Depois não entendem porque sou fã assumido da Companhia das Letras, que mesmo lançando o que é novo, tendem a criar novos clássicos. O mundo dos livros já foram muito melhores, quando todos os escritores eram tratados como artistas, e não como opções de leitura. E ainda falam que O Pequeno Príncipe está ultrapassado. Saudades dos tempos do Harry Potter...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Pequeno Príncipe

Falar d'O Pequeno Príncipe é quase um clichê declarado. A culpa, obviamente, não foi o Antoine de Saint-Exupery, foram dos próprios leitores e admiradores do mesmo. Logo de cara, a intenção do autor ficou clara que não era agradar uma legião inteira de fãs e ser imortalizado pelos mesmos, mas por um acaso, isso aconteceu. Frases feitas cheias de efeito servem hoje só para pessoas soltarem indiretas pelas redes sociais, o que é uma pena, pois o livro tem muito mais do que isso para mostrar. Então, resumir o livro só em frases de indiretas é de fato um pecado, pois O Pequeno Príncipe se trata de uma das maiores expressões artísticas da história! Por meio de uma narrativa poética, o livro busca apresentar uma visão diferente do mundo, levando o leitor a mergulhar no próprio inconsciente, reencontrando sua criança. Isso, por si só, já deixa entender que não se trata de um livro para crianças, como muitos pensam. Presentear uma criança com esse livro é de ótimo gosto, mas não é compensável. As crianças, por mais que gostem das ilustrações do autor, não entenderão a profundidade que o livro propõe. Mas o problema não são as crianças que não entendem, e sim os adultos que não muitos nem conseguem interpretá-lo da forma correta, da forma como o autor escreveu.

De toda forma, a profundidade proposta por ele foi eternizada, principalmente, pelo que entenderam. Se a cobra, o poço, a raposa, entre outros personagens mascantes do livro não fizeram efeito nos demais, então algo está errado com o mundo, o que é de se esperar. Saint-Exupery, definitivamente, acertou em cheio no que queria acertar. Voar com seu avião particular lhe deu bons alvos e ideias de como chegar neles bem mais fáceis. Chegou e ficou!

Autor: Antoine de Saint-Exupery
Tradução: Dom Marcos Barbosa
Gênero: Literatura Estrangeira/Infantil/Infanto Juvenil
Editora: Agir
Nota: 5.0

domingo, 7 de abril de 2013

Percy Jackson & os Olimpianos - O Ladrão de Raios - Livro 1

Para muitos, Percy Jackson entrou na maldição que muitos livros do gênero fantasia e infanto juvenil entraram. Harry Potter foi embora, mas deixou o local vago do seu reinado, e muitos apostaram alto no Percy Jackson & os Olimpianos. Rick Riordan não fez nada sem pensar. Ex-professor de literatura, soube sentar e desenvolver uma boa trama para um personagem simples demais. Perseu Jackson, ou apenas Percy, é impulsivo e tende a chamar confusões fáceis. Garoto problema, se vê preso no mundo encantado da qual fica sabendo que faz parte. Isso já foi colocado, também, em Harry Potter. Uma família conturbada, com algumas garrafas de cervejas, machismo e jogos de cartas são vistas em sem mundo normal como algo negativo. De fato, são, mas o personagem não precisava detestar os três fatores como se existissem melhores possibilidades para o que lhe incomoda. Monstros por toda parte também é algo muito visto no Ladrão de Raios. Enquanto isso, seu mundo encantado lhe proporciona um grupo de amigos igualmente fantásticos, como o próprio personagem. Baseado em trio, com um líder, um alívio cômico e uma menina esperta demais para o grupo, assim o livro parte para aventura. O trio, exatamente com a mesma composição, também é visto em Harry Potter. Sua ligação com os poderes do pai, Poseidon, lhe da boas habilidades com a água, entre outros objetos de luta. Inclusive, o personagem principal tem uma ligação forte com o vilão, dando a impressão de já terem visto algum Voldemort nas páginas do Ladrão de Raios.

Se a renovação de séries literárias fossem obrigatórias, talvez Rick Riordan nunca teria publicado um só livro do gênero. Para alegria do mundo literários, ele não se resume só em fantasia, pois em seu curriculum encontram-se vários livros de terror e suspense. Sorte dele, porque depender do Perseu e seus amigos amestrados, nada daria certo.

Autor: Rick Riordan
Tradução: Ricardo Gouveia
Gênero: Literatura Estrangeira/ Infanto Juvenil, Fantasia
Editora: Intrinseca
Nota: 3.0

Três Sombras

Falar em dívidas no século 21 é quase como falar do dia-a-dia, mas em Três Sombras, as dívidas foram cobradas em prazos aceitáveis. Um pacto sempre vem com juros altíssimos, do nível que nem todo mundo está disposto a pagar. Quando se faz pedidos religiosos, Deus tende a dar com a mão, e retirar com a mão. Até então, a bíblia resume os pedidos concedidos dessa forma. De cara, o autor Cyril Pedrosa não está falando do lado bom da crença, está falando de pactos, não de orações. O lado ruim da vida tranquila do garotinho Joaquim aparece em instantes de medo e insônia. A harmonia da família simples que mora numa casa de campo torna-se visível que o que está por vir não se trata de algo desejável, mas esperado. A vida pacata de Joaquim logo dará lugar ao contato de imoralidade e trapaça, ambientado num navio de péssimas condições. Enquanto o medo impera em seus pais, a dúvida impera Joaquim. Ótima forma do autor colocar a falta de medo e o excesso da insônia do menino, dando assim o lugar para ele mesmo querer conhecer as tão temidas "três sombras". O mais legal, o que melhor compõe o livro, são os desenhos. De uma forma detalhada, e caricata ao mesmo tempo, os traços do autor não deixam o leitor pensar de que falta algum detalhe. O maior trunfo do livro, de fato, é o esforço do pai em separar o filho do perigo proposto pelas sombras, deixando cava vez mais os desenhos e a viagem muito bem colocada pelo autor, dando até vontades para os leitores.

O livro resume bem que uma dívida mal feita pode custar coisas que não podem ser pagas. Depende bastante da disposição do devedor em pagar o que deve com sangue, suor e glória, mais ainda se lhe custa uma vida como juros. Se o medo em fazer a dívida é ignorado, por que manter o medo em pagá-la? Mas verdade seja dita, poucos são os pais que tem a disposição de colocar a si mesmos como devedores de um pacto secreto, e tentar não pagar a dívida.

Autor/desenhos: Cyril Pedrosa
Tradução: Carol Bensimon
Gênero: HQ's
Editora: Quadrinhos na Cia./Companhia das Letras
Nota: 5.0

Maré de Sangue

Melvin Burgess se tornou famoso pela mitologia de seus livros, sempre recheados com ficção científica e aventura. Além disso tudo, o autor também ficou famoso por quebrar tabus em seus livros para crianças e adolescentes. Em Maré de Sangue, Burgess experimenta a vingança, então é de se esperar muito sangue, assim como o título propõe. Ambientada no ano de 2200, numa Inglaterra devastada, servente como cenário de uma guerra entre gangues. As grande nações sempre tiveram problemas com gangues, inclusive as que sempre acharam que um dia poderia tomar o poder de alguma cidade importante. Isso acontece muito bem em Maré de Sangue, mas de formas mais fantasiosas possíveis. Os humanos fazem com que mutantes sejam a escória do mundo, causando mais ainda transtornos aos humanos com a resistência dos mutantes. O livro inteiro tem ótimas referências, mas Burgess consegue não deixar a imagem de cópia, muito menos plágio. A vingança proposta pelo autor é simples, sem mexer em grandes motivos e mágoas de seus personagens. Esse é justamente o problema. O livro de Burgess passa a imagem de cansativo, justamente por sua trama. Por sorte, o texto não passa a imagem de péssima adaptação cinematográfica. As descrições do altor por cenários, figurinos e até criaturas são dignas de uma bela produção.

Se Burgess fosse um ótimo escritor, com toda certeza o livro valeria muito a pena, mas ele não é. Talvez tenha sido o tema, ou o desenvolver da trama, mas de fato, ele se perde nas próprias linhas. A Maré de Sangue tão esperada, pode passar despercebida pelo leitor se ele não tiver vontade de ler o livro até o final. A vontade explicita de fazer um livro repleto de "cenas" de ação também atrapalha a narrativa. No meio de algum diálogo, sempre aparece alguém para estragar as explicações. O livro tinha tudo para ser bom, se não resumisse apenas em poder.

Autor: Melvin Burgess
Tradução: Daniel Frazão
Gênero: Literatura Estrangeira/Fantasia/Ficção Científica
Editora: Rocco
Nota: 3.0

terça-feira, 2 de abril de 2013

Aviador

A literatura infanto-juvenil sempre teve bons autores, mas que se prendiam demais aos livros que já escreveram anteriormente e causava um incômodo com os próximos. Poucos são cuidadosos no quesito versatilidade, mas sempre aparece um que sabe se destacar muito bem no assunto, e nesse momento, talvez, não tenha algum melhor do que Eoin Colfer. Autor da bem conceituada série Artemis Fowl, sai das séries e muda o assunto, dando ao mundo o presente de Aviador. Levemente confundido com o filme do mestre do cinema Martin Scorcese, O Aviador, o livro é completamente ao contrário de uma vida de magnata que pode ser visto no filme. A aventura proposta por Colfer é muito bem jogada para o leitor que espera momentos de ação e drama. O livro trata de um garoto chamado Connor, que nasceu para voar, ou mais precisamente, nasceu voando. Em uma noite sombria, uma traição cruel e astuciosa destrói sua vida e rouba seu destino. Se a vingança fosse algo que realmente importasse, talvez todos saberiam logo de cara do que se trata o livro. Colfer teve uma ótima referência com Alexandre Dumas com sua obra de O Conde de Monte Cristo. A vingança vivida por Edmond Dantés nem se quer chega na cabeça de Connos, ou pelo menos pela intensidade. Connor ainda é jovem demais para pensar na importância da vingança, mas consegue pensar no troco, e apenas isso. Içar voo primeiro era um dos primeiros trocos proposto por Connor.

Colfer sempre será um escritor de ótimas aventuras, isso é inquestionável, e para alegria de todos, ele inquestionavelmente não é bitolado, não martela sempre o mesmo assunto, o mesmo mundo, as mesmas aventuras. Mas como nem tudo nesse mundo são flores, ele precisava mesmo escrever de uma forma simples, assumidamente para adolescentes? A escrita o Colfer causa a impressão de fazer o leitor ler a mesma pagina três vezes, de tão simples que são. Mas de fato, a acerto em suas tramas deixam todos esperando pelo próximo livro do autor. E que ele nunca deixe de escrever.

Autor: Eoin Colfer
Traduções: Alves Calado
Gênero: Literatura Estrangeira/Infanto Juvenil
Editora: Galera Record
Nota: 4.0

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Homem do Castelo Alto

Lembrar das aulas de história do segundo grau quando se falava na Segunda Guerra Mundial pode ser frequente em muitas pessoas no planeta, mas apenas uma conseguiu imaginar como seria de o final fosse completamente diferente. Ninguém poderia responder muito bem sobre um mundo em que Hitler ainda estivesse vivo, governando, dividindo o mundo com suas contas de raça pura. Obviamente, o autor Philip K. Dick usa um cenário fictício com base na Segunda Guerra Mundial vencida pelos nazistas. A Alemanha dita as regras ao lado do Japão escravizando os africanos, entre outras nações do tão falado terceiro mundo. Uma das coisas mais importantes do livro é, de fato, como o autor compara uma fictícia Alemanha vitoriosa com o imperialismo do real vitorioso. K. Dick tinha a fama de provocar incômodos no governo dos Estados Unidos com sua forma de transcrever suas ideias, deixando cada vez mais seu nome imortal na literatura mundial. Com esse livro, o autor levanta a eterna questão do que poderia ser real, ou não, principalmente pelos fatos históricos ocorridos na Segunda Guerra. Apostar em judeus usando identidades falsas para sobreviver foi um acerto e tanto. Muitos, até hoje, precisam fingir serem outras pessoas para não serem "mortas" por críticas e apontar de dedos alheios.

Talvez seja o livro mais fácil de ler do K. Dick. O texto deixou a complexidade longe, mesmo o tema sendo por natureza, complexo. A mensagem, se é que K. Dick se preocupa com mensagens, é que o mundo por mais louco que seja, ele é mais simples do que se imagina. O famoso manda quem pode, obedece quem tem juízo é muito bem utilizado pelo autor na melhor forma de ação e suspense. Italianos são tão vítimas quanto os negros escravos pelo sistema ariano, sendo utilizados como espiões, entre outras atividades. Pena, uma pena mesmo, que o K. Dick ainda tenha poucas publicações no Brasil, deixando saudades até para quem não o conhece ainda.

Autor: Philip K. Dick
Traduções: Fabio Fernandes
Gênero: Literatura Estrangeira/Ficção Científica
Editora: Aleph
Nota: 5.0

domingo, 31 de março de 2013

O Mágico de Oz - Coleção Eternamente Clássicos

Talvez seria exagero comparar O Mágico que Oz com Alice no País das Maravilhas, mas de fato, não é de grande exagero. A psicodelia no mundo encantado de L. Frank Baum apenas resume-se em cenários. Os personagens são fora do comum, claro, mas não são de tantos destaques assim. Uma garota chamada órfã Dorothy, ao lado de seu cãozinho Totó, levados por um ciclone do Kansas até a terra de Oz, só isso, já é inusitado demais para não achar o livro psicodélico. Flores tropicais em estradas de tijolos amarelos são quase que inimaginável diante do inimaginável prazer do desconhecido. As partes extremamente positivas do livro são justamente os personagens. Um espantalho poderia muito bem desejar ser humano, ter uma vida real, mas não foi como o Pinoccio, e ele só queria um cérebro para pensar melhor. Um lenhador de lata que, por sua vez, queria ter um coração para voltar a amar. Um leão que só queria coragem para exercer sua função de rei dos animais. A garotinha que nada deseja, apenas voltar para sua casa. São as coisas simples que deixam a história fluir com qualidade. As vontades são simples, as situações nem sempre e a moral surge com ferocidade. Moral essa imposta por quem não se imagina e nem se aposta.

As vontades completamente diferentes fazem bruxas de regiões diferentes se preocuparem e outras apoiarem. O medo de um local desconhecido é obviamente presente, mas a vontade de chegar na Cidade de Esmeralda fala mais alto. A enfase de um local sagrado em uma grande cidade é colocada com sutileza pelo imaginário de Dorothy. Por sua vez, Oz é a representação da imoralidade e vergonha. Toda qualidade e defeito são representados nos personagens, e até no Totó, que torna-se o curioso do grupo.

O problema é que Frank Baum não deveria ter uma boa influência para escrever. Todos sabem que o autor queria mesmo escrever uma história infantil fantasiosa, mas provavelmente não pesquisou nada antes disso. Não foi garimpar suas referências, nem tentar obter boas inspirações. Essa é a impressão que o texto passa, a impressão de que ficou faltando alguma coisa, ou aventura, ou personagens, ou locais, ou seja lá o que for, estava faltando. A forma simples do autor é o que estraga o livro. Não torna-se uma boa pedida para quem está querendo conhecer a história. Para muito, indicar o filme de 1969 pode dar mais resultados, o que é uma pena.

Autor: L. Frank Baum
Tradutor: Santiago Nazarian
Gênero: Literatura Estrangeira/Fantasia/Infanto Juvenil
Editora: Leya Brasil/Barba Negra
Nota: 3.0

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Livro do Cemitério

Em O Mundo de Sofia, o autor Jostein Gaarder toca no assunto de que quando pequenos, os homens tem o pensamento apurado pela curiosidade e imaginação. Provavelmente Neil Gaiman leu algo parecido com isso em algum lugar, e levando em consideração ao que leu, colocou de uma forma brilhante nesse livro que tão pouco falam dele. Muita gente acha o Gaiman um pouco bitolado no quesito universos paralelos e passagens secretas. No quesito criatividade, o autor ficou mais do que famoso por ser assim. O Livro do Cemitério não seria diferente. até porque, mesmo sem precisar sair do nosso mundo, Ninguém Owens conseguiu passar para o outro lado. Brilhantemente ilustrado com seu fiel colaborador, Dave McKean, Gaiman aproveita a parceria e não sente pena das precisas pinceladas do amigo. Presenciar um crime brutal não foi o suficiente para o bebê Ninguém, escapando por sorte e indo parar em um cemitério no final da rua onde sua família morava. O cemitério, por sua vez, já havia outra família lhe acolhendo. Uma bela referência a Mogli, o Menino Lobo, a relação do vivo com o morto faz com que pensamos que quanto mais medo muitas pessoas tem de alguma assombração, o vivo tem mais espaço para colocar suas maldades em práticas. A maldade, por si só, não tem efeito ao morto, obviamente, mas mesmo depois de morto, uma pessoa pode continuar malvada. Conforme Ninguém vai crescendo, cada vez mais ele vai aprendendo sobre essas regras.

Uma pessoa jovem ser criada por fantasmas e almas penadas de fato, é algo inusitado, mas é o charme do terror fantástico que faz o livro ser tão fascinante. O que amedronta, te acolhe. O medo dá lugar ao amor familiar de um lugar inadequado para se viver e criar um filho. A culpa não é do Ninguém, e sim do acaso de um ato de puro descaso com o ser humano. Humanos esses que são menos do que os que não são mais humanos, assim trata-se de Ninguém, mesmo quando ele se acha sujo e solitário o bastante, porque mesmo criado entre quem já se foi, ele ainda está aqui.

Onde está a paixão quando a perspectiva de vida já está morta? Onde está a paz quando a vida foi lhe entregue pela morte do mesmo sangue? Quando se encontra a tão esperada solução ao sufoco de uma vida regada pela morte, é hora de dizer adeus definitivo para quem não pode viver ao lado. As despedidas são péssimas, mesmo sem precisar de um funeral. De toda forma, é redescobrindo a vida que a morte sossega, e seguir em frente é inevitável para quem quer realmente viver.

Autor: Neil Gaiman
Ilustrador: Dave McKean
Tradutor: Ryta Vinagre
Gênero: Literatura Estrangeira/Terror/ Fantasia/Infanto Juvenil
Editora: Rocco/Rocco Jovens Leitores
Nota: 5.0

segunda-feira, 25 de março de 2013

Mas Podemos Continuar Amigos...

A frase do título pode ter sido ouvida por várias pessoas na história da humanidade, principalmente pelo homens. O importante é que o autor Mawil faz com que essa frase torna-se algo cômico e indolor aos olhos de quem ler essa obra. Situado em Berlim, a HQ passa-se durante uma conversa de bar entre amigos, e um deles relata sua primeira grande paixão, e frisa entre os amigos como ele foi gostar de uma pessoa na qual o destino fazia questão de colocá-la em seu caminho. A conversa é muito bem dividida em quatro capítulos, mostrando desde o começo, ainda na escola dominical, quando os dois sentaram um ao lado o outro, e já mostrando como o personagem principal não é nada interessante. A falta de interesses entre crianças são comuns, principalmente em escolas religiosas. O autor brinca como uma criança chama a atenção da outra sem reciprocidades e não aprofunda o gosto dela para ninguém. Enquanto a cerveja entra pela boca sem invadir os organismos, os amigos se perguntam o que o protagonista teria de interessante na infância, já que ele era apenas uma criança, e provavelmente apenas sua mãe olharia para ele com os olhos do cuidado. Nada mais do que isso.

Um acampamento de verão no meio do nada seria ótimo para desparecer as cabeças de jovens adolescentes com vontade de crescer. Eis que aquela menina que nunca lhe deu atenção na escola aparece em outro grupo acampando. Dessa vez são apresentados, com o nó na garganta do reconhecimento logo de cara. O momento em ficarem a sós aparece assim que a chuva surge causando surpresas nos dois protagonistas. A barraca de acampar é mais do que uma simples barraca. É um quarto de motel, um palácio repleto de luxuosidades, ou um palácio de festas da idade média. As cervejas já estão bem adiante da segunda rodada, as ideias começam a surgir sem freios e bom senso. Agora foi a vez do protagonista dizer onde errou, e como errou. Sem culpar a ninguém por nada, tudo torna-se compreensível pelo texto do autor.

Já na idade adulta, em plena Berlim da década de 90, o protagonista mora em um prédio abandonado, é o cenário de mais um enorme momento de amor. Heroes do David Bowie ainda é tocado até furarem os discos de tanga repetições. Os pensamentos de todos estão mais próximos de chegarem em acordo, o mundo está mais agradável perante a consciência de cada personagem. Dessa vez, não existem desculpas que impeçam um amor inocente, acontecer. Mas o que custava para eles? Sim, o querer. Se na infância era a falta de atenção, na adolescência foi a falta de experiência, na idade adulta seria o querer. Estasiado, excitado, obcecado e apaixonado, era a vez do protagonista achar-se que em seus braços seria o local de proteção tão desejado por ela. As cervejas já estavam tomando conta de seus cérebros, e eles, o tão balo casal, continuaram amigos...

Autor: Mawil
Gênero: HQ's
Editora: Zarabatana Books
Nota: 4.5