domingo, 7 de abril de 2013

Três Sombras

Falar em dívidas no século 21 é quase como falar do dia-a-dia, mas em Três Sombras, as dívidas foram cobradas em prazos aceitáveis. Um pacto sempre vem com juros altíssimos, do nível que nem todo mundo está disposto a pagar. Quando se faz pedidos religiosos, Deus tende a dar com a mão, e retirar com a mão. Até então, a bíblia resume os pedidos concedidos dessa forma. De cara, o autor Cyril Pedrosa não está falando do lado bom da crença, está falando de pactos, não de orações. O lado ruim da vida tranquila do garotinho Joaquim aparece em instantes de medo e insônia. A harmonia da família simples que mora numa casa de campo torna-se visível que o que está por vir não se trata de algo desejável, mas esperado. A vida pacata de Joaquim logo dará lugar ao contato de imoralidade e trapaça, ambientado num navio de péssimas condições. Enquanto o medo impera em seus pais, a dúvida impera Joaquim. Ótima forma do autor colocar a falta de medo e o excesso da insônia do menino, dando assim o lugar para ele mesmo querer conhecer as tão temidas "três sombras". O mais legal, o que melhor compõe o livro, são os desenhos. De uma forma detalhada, e caricata ao mesmo tempo, os traços do autor não deixam o leitor pensar de que falta algum detalhe. O maior trunfo do livro, de fato, é o esforço do pai em separar o filho do perigo proposto pelas sombras, deixando cava vez mais os desenhos e a viagem muito bem colocada pelo autor, dando até vontades para os leitores.

O livro resume bem que uma dívida mal feita pode custar coisas que não podem ser pagas. Depende bastante da disposição do devedor em pagar o que deve com sangue, suor e glória, mais ainda se lhe custa uma vida como juros. Se o medo em fazer a dívida é ignorado, por que manter o medo em pagá-la? Mas verdade seja dita, poucos são os pais que tem a disposição de colocar a si mesmos como devedores de um pacto secreto, e tentar não pagar a dívida.

Autor/desenhos: Cyril Pedrosa
Tradução: Carol Bensimon
Gênero: HQ's
Editora: Quadrinhos na Cia./Companhia das Letras
Nota: 5.0

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