terça-feira, 4 de junho de 2013

A Culpa é das Estrelas

Sentir-se triste não é pecado. Nunca foi e nunca será. Pecado é causar tristeza nas pessoas. Mas assim como todo pecado, nem toda tristeza é causada pela vontade. Assim resume-se o pecado do John Green. Além de escrever de forma simples e eficiente, o autor consegue emocionar e deixar todos os leitores pensando onde erraram no tratamento com outras pessoas. A honestidade de Green em suas descrições chegam a assustar. Sem escapar de forma alguma de uma escrita simples, Green sabe como prender os leitores até o final. Primeiro desenvolve personagens que cativam pessoas pela forma de pensar. Seguindo a lógica dos personagens, nada melhor do que deixá-los com ótimo gosto pela cultura pop. Como todos já sabem, A Culpa é das Estrelas fala de dois jovens com câncer, Hazel Grace e Augustus Water. Gus, como é chamado, não sofre mais com a doença que lhe custou uma perna, mas Hazel ainda luta contra um câncer no pulmão não causado por cigarros.

O problema é que nem sempre ter atenção e cuidados de pessoas próximas e amadas são tão desejados como se imaginam. Ter a impressão de que todos sentem pena de você por não ter saúde é péssimo, por mais que sintam inevitavelmente. Chamar atenção por um detalhe, mesmo que seja só uma máscara, ou tubo de oxigênio, não é agradável, ainda mais para pessoas que naturalmente não chamariam atenções por onde passaria. Assim resume-se Hazel, uma jovem discreta que chama atenção pelo fardo da doença que carrega. Augustus sofre do mesmo jeito, mas de jeito diferente. O andar manco não revela uma perna mecânica, mas ela sempre está lá, acompanhando sem perder a presença da ausência da perna verdadeira. Apaixonar-se por um livro chamado Uma Aflição Imperial fez com que os dois se aproximassem, mesmo que ainda o medo de serem fardos um para o outro.

Sem perder tempo, Green nos apresenta um romance bem estruturado pela doença que une os dois. Viajar juntos para Amsterdã para não aproveitar as formas de embriagar-se nas ruas vermelhas é quase como conhecer outro planeta sem precisar de um foguete. Os momentos que dois adolescentes em fase terminal da vida passam na Holanda são de dar inveja aos românticos espalhados no mundo. Se almejar conhecer pessoas na Holanda é algo bom, bom mesmo deve ser ganhar momentos românticos no Museu da Anne Frank.

Mas como todo autor moderno, John Green infelizmente entra na lista dos comparados do Nicholas Sparks. Tudo fica bem, mas sempre tem algo possivelmente abalador para acontecer. Obviamente, para alegria de todos, ele escapa do clichê desenfreado do Sparks, mas é inevitável comentar a semelhança entre suas obras. Frases de efeito são sempre bem colocadas entre linhas por Green. Sempre regadas por situações, não apenas estão la para compor linhas e frases sem pé nem cabeça. O trabalho de tradução que a Intrínseca fez para esse livro é incontestável, acertaram em cheio chamando Renata Pettengill. Despedidas são sempre péssimas, causam dores e deixam marcas profundas, mas dizer adeus para a certeza de nunca encontrar a pessoas que se foi é mais doloroso ainda. E assim "alguns infinitos são maiores do que outros" para muitas pessoas, principalmente para os que gostaram muito de A Culpa é das Estrelas.

Autor: John Green
Tradução: Renata Pettengill
Gênero: "sick-lit"/Literatura Estrangeira
Editora: Intrínseca
Nota: 5,0

3 comentários:

  1. Gostei da resenha! Preciso lê-lo. Beijos!


    www.despindoestorias.com

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  2. Hey Hey

    Adorei a resenha! Esse livro parece ser muito bom, já comprei o meu e só estou esperando chegar! hahaha :}
    ps. A resenha ficou ÓTIMA!!!

    Seguindo seu blog, passa no meu e se der segue também. :D
    Abraços!

    > http://apanhadordelivros.blogspot.com.br/

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  3. Acredita que chorei horrores com esse livro?
    E pior que isso, fiquei numa ressaca literária danada depois que terminei.
    Acho esse livro bastante fofo, só que não consigo lidar bem com livros tristes. Aff
    Apesar disso, sua resenha esta linda, mesmo!

    bjus
    terradecarol.blogspot.com

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