sexta-feira, 23 de agosto de 2013

V de Vingança

Nunca no mundo um obra literária foi tão bem aceita quanto V de Vingança. O mundo inteiro o conhece pro seu personagem, apenas conhecido como V, uma pessoa misteriosa com seu passado e origem tão misteriosos quanto sua identidade. Se todo cidadão que esconde seu rosto é considerado criminoso por desejar demais. Desejar no sentido de ir atrás do que quer, e isso é um crime grave perante a sociedade londrina que compõe V de Vingança. Alan Moore escreveu seu livro ainda na década de 1980, e a influência do regime político da Primeira Ministra britânica e extremamente conservadora Margaret Thatcher, mundialmente conhecida como A Dama de Ferro. A influência serviu muito bem no sentido político da trama, e claro, na criação do visual do personagem. Um mascarado reprimido pelas crenças e convicções chamaria atenção de diversas pessoas, e claro, outras crenças e convicções. O incômodo sempre foi uma regra no governo de Thatcher, e claro, Moore não poderia deixar esse incômodo de fora da sua obra. Se o fascismo não teve força na literatura, claro que em V de Vingança essa força seria colocada em prova. A questão é, se todo o governo pensaria da mesma forma, ou se os cidadãos agiriam de forma diferente. Se muitas pessoas nunca viram um manifesto sendo retratado na literatura, estão demorando muito para lerem V de Vingança.

O enredo que Moore cria em suas obras, geralmente causa incômodo para quem não está acostumado em lê-lo. Seus personagens são verdadeiros socos no estômago de personalidades fortes e marcantes, embalados com argumentos fortes, e ouvidos resistentes, preparados para o debate... ou o combate. Assim, com esses ingredientes, as importâncias de cada personagem nunca foram esquecidas. V, obviamente, não foi esquecido, nem na cultura pop, nem fora dela. A máscara usada pelo V é a intervenção histórica de Guy Fawkes, soldado inglês católico que teve participação Conspiração das Pólvora na qual se pretendia assassina o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos membros do parlamento durante um sessão em 1605, objetivando o início de um levante católico. Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam usados para iniciar a conspiração. Moore fez seu dever de casa em nome da criatividade e marca registrada em manter sua qualidade como autor. Graças ao Fawkes e ao Moore, anos depois a máscara do V ficou conhecida pelo grupo Anônimos, na qual lutaram pelo direito de informação mantida em sigilo por instituições, empresas e governos do mundo inteiro.

O direito de informação, a pólvora, a conspiração, a justiça, a fúria, o povo, a liberdade, a cidadania, a inocência, a infância, todos são vistos em V de Vingança. Com suas respostas na ponta da língua, V deixou marcas no ego de quem não acreditava, ou ainda não acredita, numa política livre, em que o cidadão ainda é prioridade. A obra ajudou a clarear ideias de que o esforço bem utilizado pode ser uma arma, ou simplesmente impenetráveis por balas. Moore deixa claro que para os cidadãos de muitas nações, a liberdade é vista como objetivo, quando para a sua visão, como autor, a liberdade é só o caminho, isso fica nítido em uma de suas frases mais marcantes; "A anarquia ostenta duas faces. A de Destruidores e a de Criadores. Os Destruidores derrubam impérios, e com os destroços, os Criadores erguem mundos melhores". O fato de esconder o rosto é sinônimo da falta de liberdade que todo governo explicitamente em seus mandatos, Moore fez para o mundo uma bíblia de que o que precisam mesmo, é levantar e lutar. Se o medo ostentar a ausência da força, a organização para chamar atenção é válida. Assim Moore deixa sua marca registrada na cultura pop, para que se um dia precisarem, a máscara está disposta as ações.

A edição muito bem cuidada da Panini trazem vários detalhes. Além de um artigo escrito pelo próprio Moore antes da série ser terminada, falando um pouco de onde tirou suas ideias para escrever e como ele imaginava pessoas tornando-se fãs. Ainda tem esboços de ideias iniciadas pelo David Lloyd para o V. Ainda capas da série e posters feito pelo quadrinista algum tempo depois de todo seu lançamento. Válida!

Autor: Alan Moore.
Desenhos: David Lloyd
Nota: 5,0
Editora: Panini

2 comentários:

  1. Essa edição é muito top, a história merecia algo assim, né Ícaro? ♥

    Adoro Alan Moore e acho que V de Vingança é um manifesto, claro e muito preciso, sobre o poder do povo. Um amigo meu se formou em História e fez um TCC sobre essa HQ, acredita? Foi show :)

    Beijo!

    Raquel
    www.pipocamusical.com.br

    ResponderExcluir
  2. Sempre tive muita vontade de ler este livro! Adoro ler suas sinopses!!

    ResponderExcluir